No primeiro trimestre de 2019 a produção de pelotas de ferro cai no ES

O minério de ferro é uma das matérias-primas chave da metalurgia. Entretanto, sua utilização não se dá pela forma como é encontrado na natureza, necessitando, de ser processado industrialmente. Além de modificar o formato, o processo de beneficiamento em que o minério é remodelado influencia na concentração do teor de ferro em qualidade.

Durante este procedimento, os finos de minério que eram descartados, passam a fazer parte do processo de produção. A partir da tecnologia desenvolvida na Suécia e Alemanha no século XX, estes finos podem ser aglomerados na forma de sínter ou de pelotas. Sendo assim, de acordo com o seu tamanho, o minério passa a ser ofertado em forma de três produtos – granulado, sinter feed (sínter) e pellet feed (pelotas) – e utilizados nos altos-fornos das siderurgias.

O Espírito Santo não possui minas de minério de ferro, entretanto, o processo de pelotização realizado pela Vale S.A. ocorre, em sua maioria, no estado. O minério de ferro que é pelotizado no Espírito Santo é oriundo, principalmente, de Minas Gerais. Em 2018, aproximadamente 60,7% das pelotas de minério de ferro desta empresa foram produzidas nas usinas capixabas, as quais compõem o Sistema Sudeste, conforme denominado pela Vale. As demais pelotas foram produzidas entre as usinas localizadas no Sistema Norte (1,7%), no Sistema Sul (19,2%) e em Omã (17,2%).

No primeiro trimestre de 2019, a produção de pelotas no Espírito Santo refletiu as consequências industriais do rompimento da barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Na passagem do último trimestre de 2018 para o primeiro de 2019, a produção de pelotas pela Vale caiu -14,6%, ao passo que, no comparativo com o mesmo período do ano passado, esta redução foi de -1,4%. 

A metalurgia, segmento industrial responsável pela conversão de minérios de ferro e não ferrosos em produtos intermediários (como o aço), por conseguinte, acaba sendo impactada quando há algum evento significativo nas etapas anteriores da sua cadeia produtiva. Isto quer dizer que, quando a produção de minério de ferro é comprometida, pode haver efeitos sobre os demais elos da cadeia, como sobre a produção de aço, laminados, semiacabados e ferro-gusa.

De acordo com os dados do Instituto Aço Brasil, o país é um dos maiores produtores de aço bruto da América Latina. A produção nacional deste aço fundido atingiu o patamar de 8.390 milhares de toneladas (Mt) no primeiro trimestre de 2019. Este valor representa redução de -2,8% em relação ao primeiro trimestre de 2018. Especificamente para o mês de março, esta redução representa -8,6% contra o mesmo mês do ano anterior. A redução na produção também foi verificada para os produtos laminados, semiacabados e ferro-gusa nestas duas bases de comparação.

O Espírito Santo é o terceiro maior estado produtor de aço bruto e laminados e semiacabados no país, ficando atrás de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em março, a produção capixaba de aço bruto obteve 612 Mt e a de laminados e semiacabados alcançou 480 Mt. Em relação a março de 2018, houve redução do primeiro tipo de produto (-5,4%), e aumento do segundo (4,6%); em comparação com fevereiro, ambos os tipos aumentaram (7,45 e 9,6%, respectivamente).

Seja na extração do minério de ferro ou na sua utilização como insumo na indústria, toda a cadeia produtiva que envolve essas operações é de extrema importância para a economia. No Espírito Santo não é diferente. De acordo com o Panorama da Indústria do Espírito Santo, estas atividades estão intrinsecamente relacionadas com o momento de transição industrial pela qual o estado passou na década de 1970, e vem sendo de grande participação na economia capixaba desde então. 

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.