Diferencial competitivo ou custo logístico?

A SITUAÇÃO

Nos últimos anos, a falta de investimento em infraestrutura transformou-se em uma restrição ao investimento privado, ao crescimento econômico e à produtividade.

O aumento da produtividade oriundo de uma infraestrutura competitiva possui a capacidade de gerar aumento de riqueza para a população.

De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes, a condição atual do pavimento das rodovias brasileiras gera um acréscimo de 26,7% no custo médio operacional do transporte, além de aumentar o tempo necessário entre as viagens.

A queda desse custo é o grande desafio para estados como o Espírito Santo que, apesar de apresentar uma localização privilegiada para absorver a demanda de um sistema portuário, carece de uma infraestrutura logística capaz de transformar o custo logístico em diferencial competitivo.

    O SISTEMA RODOVIÁRIO DO ESPÍRITO SANTO

    De acordo com o Departamento de Estradas e Rodagens do estado, o Espírito Santo possui 9,4 mil km de rodovias, entre elas:

    • 13,1% são rodovias federais, 
    • 71,9% são rodovias estaduais, 
    • 9,1% são municipais e 
    • 5,9% são rodovias em concessão à iniciativa privada.

    Entre as rodovias estaduais:

    • 55,4% são pavimentadas
    • 1,9% são duplicadas
    • 3,7% estão em obras
    • 10,8% são planejadas
    • 28,5% são leito natural

    Quando comparado com alguns estados selecionados, o Espírito Santo apresenta menor proporção de pavimentaçãoSanta Catarina, por exemplo, possui apenas 17% das suas estradas em leito natural. Rio de Janeiro possui 22% nessa mesma comparação.

O CASO DA BR 262:

A BR 262 começa em Vitória e interliga a capital capixaba até Belo Horizonte, seguindo para São Paulo, terminando em Campo Grande (MS). A estrada é responsável pela integração entre grandes pólos regionais, o que justifica a importância da rodovia para o escoamento de produtos e para a integração nacional com grandes centros de consumo. Para o Espírito Santo, a BR se destaca como importante artéria para o agroturismo e para o escoamento da produção mineira. Além disso, a rodovia é responsável por receber interseções de importantes rodovias estaduais, toda em pista simples.

Em 2014, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) firmou contrato com o consórcio Aterpa para realização de obras de melhoria em 52,6 km da BR. No total, foram contemplados 52,6 km entre Vitória e a divisa do Espírito Santo com Minas Gerais. Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) questionou alguns pontos do contrato, afirmando que a obra priorizava soluções com menor segurança para os usuários. Depois de uma série de discussões, o DNIT desistiu do projeto alegando não possuir recursos financeiros para continuar a obra.

Já em 2019, o Governo Federal tratou de conduzir estudos para viabilizar a concessão da BR 262. Os esforços foram direcionados para a promoção da concessão do trecho da BR 381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares e a BR 262 entre João Monlevade, em Minas Gerais, até Viana, na região metropolitana do Espírito Santo. O projeto entrou no Programa de Parceria de Investimento (PPI) do Governo Federal e, atualmente, está em consulta pública com investimento de Capex previsto em R$ 9 bilhões.


Gabriela Vichi, gerente do Observatório do Ambiente de Negócios do Ideies, destaca importância dos investimentos em infraestrutura: "Um novo ciclo de atração de investimentos dependerá, em grande medida, de um planejamento logístico estratégico para o Espírito Santo"


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NOVIDADE...

  • O mês de dezembro reacendeu as discussões a respeito da rodovia. O ministro de infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ressaltou a prioridade da agenda de leilões do ministério para 2020. Segundo o ministro, serão realizados 44 leilões em todo o país, incluindo a BR 262. O calendário prevê a assinatura do contrato no quarto trimestre do próximo ano.

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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Nathan Diirr

Graduado em economia pela UFES, mestrando em economia pela mesma universidade. Atua como analista de estudos e pesquisas sênior na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesses nas áreas de regulação, petróleo e gás natural, infraestrutura e ambiente de negócios.