Grande Vitória registra deflação de 0,09% em abril de 2020

Os resultados de abril revelam que os efeitos da pandemia de COVID-19 no IPCA da Grande Vitória foram deflacionários e sentidos, principalmente, no grupo transportes. As medidas de distanciamento social e as restrições de circulação reduziram o movimento de transporte de pessoas, o que impactou o consumo de combustíveis. O grupo transportes (-1,07%) registrou a sua terceira queda de preços consecutiva neste ano. A deflação deste grupo também foi reflexo da queda no preço da gasolina (-8,80%) que vem sofrendo diversos reajustes negativos anunciados pela Petrobrás desde o início do ano.

O grupo artigos de residência apresentou a maior variação negativa nos preços (-1,94%) em abril de 2020, puxada pela queda nos preços dos móveis e utensílios (-2,18%) e dos aparelhos eletroeletrônicos (-2,05%) pesquisados na Grande Vitória. A queda nos preços de grupo habitação (-1,06%) foi puxada pelo recuo nos preços da energia elétrica (-4,07%).

Já o grupo alimentação e bebidas tem pressionado o índice positivamente, visto que, em meio à pandemia de COVID-19, houve um aumento do consumo em domicílio. Na Grande Vitória, o grupo alimentação e bebidas apresentou a maior variação (+2,30%) no índice geral e foi puxada pela elevação nos preços da alimentação em domicílio, que passou de 2,30% em março para 2,85% em abril.

Para o Brasil, o resultado mensal de abril de 2020 mostrou que quatorze das dezesseis regiões pesquisadas apresentaram deflação no mês. O índice nacional, pelo lado das altas, foi afetado principalmente pelo comportamento dos preços do grupo alimentação e bebida (+1,79%). Em relação às variações negativas, destacaram-se artigos de residência (-1,37%) e transportes (-2,66%).

Os efeitos da pandemia de COVID-19 e as medidas de distanciamento social contribuem para uma mudança no comportamento dos consumidores e o impacto deflacionário no índice pode perdurar ao longo do segundo trimestre de 2020.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é um indicador calculado pelo IBGE e tem por objetivo acompanhar o nível de preços de uma cesta de produtos que representa o padrão de consumo de famílias, com renda de 1 até 40 salários mínimos, residentes nas áreas urbanas das 16 localidades pesquisadas. Para o mês de março, os preços foram coletados no período de 31 de março a 29 de abril de 2019 (referência) e os comparou com os preços vigentes entre 3 e 30 de março de 2020 (base), já com a nova estrutura de ponderação baseada na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Devido a pandemia de COVID-19, a partir do dia 18 de março de 2020, o IBGE suspendeu a coleta presencial de preços nos locais de compra e passou a coletar em sites de internet, por telefone ou por e-mail.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Marcos Morais

Graduado em Ciências Econômicas pela UFRRJ e mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência do Observatório da Indústria. Possui interesse na área de finanças públicas e temas conjunturais.