Produção industrial do ES tem queda de 7,8% em maio

A pandemia da Covid-19 causou dois meses de queda da produção industrial no país, março e abril, devido à paralisação de cadeias produtivas e às medidas de isolamento social. O retorno das atividades produtivas em maio depois da paralisação foi generalizado entre os segmentos de atividades e 20 dos 26 ramos pesquisados na indústria nacional apresentaram alta. A indústria nacional cresceu 7,0% na passagem de abril para maio em virtude dos resultados positivos em 12 dos 15 locais pesquisados. No Espírito Santo a variação mensal na produção industrial de abril para maio foi de -7,8%, sem demonstrar reação, mesmo com uma base de comparação bastante deprimida. Os outros locais que também registraram taxas de variação negativa em maio foram Ceará (-0,8%) e Pará (-0,8%). Na comparação da produção industrial para o mês de maio entre 2019 e 2020 os resultados de Brasil (-21,9%) e Espírito Santo (-31,7%) ainda demonstram o forte impacto da pandemia.

Apesar da retomada de parte da produção industrial em todo o país, o crescimento de maio ainda é insuficiente para reverter as perdas acumuladas no ano que alcançam 11,2%. O resultado acumulado de janeiro a maio de 2020 da indústria do Espírito Santo demonstra uma intensificação da retração ao passar de uma variação de -15,3% em abril para -18,5% em maio na comparação com o mesmo período do ano anterior. Nesta mesma base de comparação, todos os ramos industriais pesquisados na indústria capixaba apresentaram variação negativa, sendo os maiores recuos na indústria extrativa (-26,1%) e na metalurgia (-19,3%). 

Na indústria capixaba as atividades pesquisadas em maio em geral apresentaram piora de dinamismo em relação a abril, aprofundando as perdas acumuladas no ano. 

  • O setor de minerais não metálicos foi a única exceção por registrar alta mensal de 9,3%, mesmo assim teve queda de 28,6% em relação a maio de 2019. Neste ramo da indústria o único produto que exerceu influência positiva no mês de maio e acumulado no ano foram os cimentos “Portland”.
  • O setor de alimentos não apresentou variação em relação ao mês de abril e em maio de 2020 registrou queda de 36,2% em relação à maio de 2019 explicado pelo recuo em todos os produtos pesquisados. 
  • A produção do ramo de celulose, papel e produtos de papel recuou 13,3% em relação a maio de 2019 por influência negativa da produção de pastas químicas de madeira. 
  • As indústrias extrativas registraram queda de 30,9% em maio, mesmo sendo comparada a uma base bastante deprimida em maio de 2019 quando a indústria capixaba teve recuo de 32,2%. Neste ramo de atividade a produção de minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e de óleos brutos de petróleo e gás natural têm tido influência negativa para o resultado no mês e no acumulado de janeiro a maio.
  • A metalurgia também demonstra dificuldade de retomada com queda de 43,1% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior, em termos de produto apenas tubos flexíveis e tubos trefilados de ferro e aço apresentaram influência positiva.

Os dados da produção industrial capixaba de abril e maio indicam que o fechamento do segundo trimestre de 2020 tende a apresentar queda em relação ao primeiro trimestre e em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Vanessa Avanci

Economista, doutora em Economia pela UFF. Analista sênior do Observatório do Ambiente de Negócios, escreve sobre conjuntura econômica e atua realizando estudos e pesquisas sobre a indústria, comércio exterior, produtividade e inovação.