A indústria de petróleo e gás natural onshore no Espírito Santo

O primeiro Fato Econômico Capixaba de 2020 mostra que os níveis de exploração e produção de petróleo e gás em ambiente terrestre tem caído nos últimos anos, mas há novas oportunidades de crescimento e reestruturação para o segmento, inclusive no Espírito Santo.

O início da indústria de petróleo e gás natural (P&G) no Brasil e no Espírito Santo ocorreu com as descobertas de reservatórios em terra. O desenvolvimento dessa atividade, com novos conhecimentos e tecnologias, permitiu ao setor avançar para a exploração e produção (E&P) em ambiente marítimo. 

Mas, a exploração e produção de P&G onshore entrou em declínio no país. De 2003 a 2018, o volume desses hidrocarbonetos produzido em terra no Brasil caiu em média 2,0% ao ano. O Espírito Santo, um dos oito estados produtores de P&G onshore, registrou uma trajetória de retração ainda mais acentuada (-7,4% a.a). Dois motivos são apontados como as principais causas para essa queda: (i) a menor oferta de áreas terrestres nos leilões da ANP, que levou à não reposição das reservas de P&G e, consequentemente, à redução no volume produzido (ii) e o descobrimento do pré-sal, que deslocou grande parte dos investimentos em E&P do ambiente terrestre para o marítimo. 

Como consequência, no Espírito Santo ocorreu a diminuição na atividade exploratória em ambiente terrestre. A redução é perceptível ao se analisar a atividade de perfuração de poços no estado. Em 2003, foram perfurados 50 poços, enquanto em 2017 (último dado disponível) não houve registro dessa atividade no estado.

Oportunidades

Mesmo se tratando de uma indústria estabelecida há décadas no Brasil, a atividade de P&G onshore ainda possui espaço para novas descoberta de reservas e para o aumento da exploração e produção. Dos 2,5 milhões de Km² de bacias sedimentares continentais, menos de 5,0% do total dessas áreas encontram-se sob concessão.

Partes das oportunidades estão na porção terrestre da Bacia do Espírito Santo. Mesmo sendo explorada desde 1973, essa bacia foi avaliada por um estudo da Empresa Energética Brasileira como sendo umas das áreas sedimentares com as maiores chances de descoberta de hidrocarbonetos no país. Ela também foi descrita como uma bacia de elevada atratividade operacional e geológica.

Para aproveitar essas oportunidades e para revitalizar a indústria de P&G terrestre nos oito estados produtores, entre eles o Espírito Santo, há uma mobilização nacional para o fortalecimento e desenvolvimento desse segmento. Duas medidas merecem ser destacadas: o processo de licitação por meio da oferta permanente e o programa REATE. Além delas, o plano de desinvestimento da Petrobras (reposionamento da empresa) também poderá proporcionar a expansão e diversificação da atividade onshore em todo o país. 

    Para acessar o Fato Econômico Capixaba completo e saber mais informações sobre as oportunidades da indústria onshore no Espírito Santo, clique aqui.

O Ideies lançará no próximo mês de março a 3ª edição do Anuário da Indústria do Petróleo do Espírito Santo. Além dela, também será entregue a Rota Estratégica de Petróleo e Gás Natural 2035, no âmbito do projeto Indústria 2035. 

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Thais Mozer

Graduação em Ciências Econômicas e Mestrado em Economia pela UFES, na linha de pesquisa de Economia Industrial. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Econômico.