Apesar de redução de 4,7 mil vagas formais em dezembro, o ES encerrou 2021 com abertura de 52,4 mil novos postos formais de trabalho
A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho divulgou nesta segunda-feira (31/01/2022) as informações do Novo Caged referentes à movimentação do mercado de trabalho formal do mês de dezembro de 2021.
Após registrar abertura de vagas formais nos onze primeiros meses do ano, o mercado de trabalho formal do Espírito Santo encerrou 4.698 postos com carteira assinada em dezembro de 2021. O saldo negativo decorre da movimentação entre 29.975 admitidos e 34.673 desligados. A redução, no entanto, é comum para o mês de dezembro. Em igual mês de 2020, foram fechadas 2.614 vagas.
O saldo do mês representou um recuo de 0,60% no total de empregos se comparado a novembro. Apesar dessa contração do emprego no mês, o ES encerrou 2021 com saldo positivo de 52.377 postos formais, ampliando o total de emprego formal em 7,20% quando comparado ao final de 2020.
O mercado de trabalho formal brasileiro apresentou movimento semelhante. Em dezembro de 2021, foi registrado saldo negativo de 265.811 vagas, enquanto no acumulado de 2021 foram criados 2.730.597 postos. Dessa forma, o estoque de empregos formais aumentou em 7,08% em relação ao final de 2020.
Análise setorial
Quatro dos cinco grandes setores de atividade econômica reduziram vagas em dezembro. Apenas comércio (+865) registrou saldo positivo de postos formais, enquanto serviços (-2.594), indústria (-1.810), construção (-754) e agropecuária (-405) reduziram vagas em dezembro de 2021.
O setor de serviços foi influenciado negativamente principalmente pelas vagas encerradas nas atividades de transporte terrestre (-1.250) e educação (-1.169). Na indústria geral, foi a indústria da transformação que mais contribuiu para o saldo negativo de vagas (-1.720), com redução de empregos registrado em maior quantidade nas atividades de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-536) e fabricação de produtos minerais não metálicos (-258).
Já o comércio teve seu saldo positivo influenciado, sobretudo, pelas novas vagas em hipermercados e supermercados (+421) e comercio varejista de vestuário e acessórios (+301).
O resultado para o ano de 2021 mostrou expansão de postos formais em todos os grandes setores da atividade econômica capixaba, quando comparado a 2020, com destaque para o crescimento anual de 9,87% dos empregos no setor da construção, de 7,79% no comércio e de 6,89% na indústria, com expressivo crescimento registrado na indústria de transformação (7,78%).
Municípios do ES
No mês de dezembro, 17 entre os 25 municípios com mais de 30 mil habitantes no Espírito Santo apresentaram saldo negativo de postos formais em dezembro. Os municípios que registraram os menores saldos foram Serra (-1.625) e Vitória (-682). Já os maiores saldos de postos formais no mês foram registrados em Vila Velha (+637) e Guarapari (+479).
Em Serra e Vitória, o setor de serviços foi o principal responsável pela redução de vagas, com fechamento de 1.013 e 826 postos, respectivamente. Serviços também foi o setor que mais contribuiu para o saldo positivo em Vila Velha, com abertura de 509 vagas formais. Já em Guarapari, o comércio (+310) foi o setor que mais criou empregos formais, principalmente em hipermercados e supermercados (+181).
No acumulado em 2021, todos os 25 municípios com mais de 30 mil habitantes no Espírito Santo abriram vagas formais, com destaque para Serra (+9.499), Vitória (+7.281) e Vila Velha (+5.930). Nos três municípios, o setor de serviços foi o principal responsável pela criação de empregos, contribuindo com 4.271, 4.858 e 2.351 postos formais de trabalho, respectivamente.
Acompanhe mês a mês no painel abaixo, de forma dinâmica e interativa, a quantidade de empregados admitidos e desligados, além do saldo de postos de emprego com carteira assinada para o Espírito Santo e municípios do ES.
Diferenças metodológicas entre o Caged e o Novo Caged
De 1992 a 2019 as informações sobre o mercado de trabalho formal foram registradas e divulgadas como fonte pelo Caged. A partir de janeiro de 2020, estas passaram a ter como fonte o Novo Caged.
O Novo Caged conta com as informações do eSocial. O eSocial foi instituído em pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, com objetivo de concentrar em um único sistema diversas informações de empresas e trabalhadores, unificando registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. Além do eSocial, o Novo Caged incorpora imputação de dados que vem do antigo Caged e do Web empregador, para complementar informação de desligamento. É, portanto, mais abrangente do que o Caged que só concentrava informações de admissões e desligamentos sob o regime CLT.
A captação de registros de admissões e desligamentos pelo Novo Caged passou a ter maior cobertura, dado que, além dos empregados sob o regime CLT, passou a cobrir os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos, dirigentes sindicais, contribuintes individuais e bolsistas. Estes não eram registrados no Caged ou a declaração era opcional, como a de vínculos temporários, o que para o Novo Caged passou a ser obrigatória. Com estas modificações, o volume das movimentações captadas pelo Novo Caged tende a ser maior. Estas diferenças de captação prejudicam a comparação da série ao longo do tempo, a qual deve ser realizada com as devidas ressalvas metodológicas.
Leia também
Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria
Bruno Novais
Economista e mestrando em Economia pela UFES. Atua no Observatório da Indústria como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Estratégicos (GEE).