BIC de dezembro destaca o cenário de expectativas econômicas para 2023
A Carta de Abertura da edição do BIC de dezembro analisa os contextos econômicos externos e internos que sinalizam para o quê se esperar de 2023 na área econômica. Confira abaixo os trechos dessa Carta e clique aqui para acessar o texto completo.
Uma das principais pautas de discussão em um fechamento de ano são as expectativas macroeconômicas para o ano seguinte. Em 2022, em especial o cenário de mudanças dos governos federal e estaduais, tanto do executivo quanto do legislativo – resultado das eleições de outubro último – parece ter gerado uma atenção maior sobre o que há por vir em 2023 para o Brasil. Um dos pontos que mais tem gerado discussão em âmbito federal consiste na aprovação e no conteúdo da Emenda Constitucional 126/2022, que diz respeito ao Orçamento de 2023 e dá outras providências.
Esta Emenda, derivada da PEC da Transição (PEC 32/2022) e aprovada em 21 de dezembro de 2022, autoriza a expansão do limite do teto de gastos em R$ 145 bilhões no exercício fiscal de 2023, e não contabiliza dentro do teto de gastos do ano que vem despesas específicas. Com esse aumento de dotação orçamentária, há uma possibilidade de manutenção e de recomposição de políticas públicas voltadas para o âmbito social. Esta expansão do limite do teto de gastos em 2023, embora gere insegurança e instabilidade para os mercados, reflete a necessidade de se discutir e encontrar tanto uma política como uma âncora fiscal que viabilize uma condução responsável dos gastos públicos e assegure os compromissos sociais do país.
Não só a política fiscal está no centro das atenções para 2023, como a política monetária também. Neste sentido, apesar da inflação doméstica ter entrado em trajetória de desaceleração, devido a um controle sobre os preços administrados e redução nos preços das commodities, o ciclo de afrouxamento monetário no Brasil deve ocorrer em um horizonte mais distante.
Com relação ao cenário externo, os últimos anúncios de 2022 dos principais Bancos Centrais quanto à condução da política monetária no início de 2023 sinalizaram para uma continuidade no processo de aperto monetário, enquanto houver uma pressão inflacionária persistente nas principais economias do mundo.
Em decorrência do fato da pauta exportadora do Espírito Santo ser concentrada em commodities industriais, os eventos econômicos internacionais repercutem com mais intensidade sobre o estado. No informe especial de conjuntura econômica brasileira, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), divulgou que espera para 2023 uma acomodação das cotações commodities e uma desaceleração tanto da atividade quanto do comércio global.
Além desses cenários externo e interno mapeados, a indústria em 2023 ainda conviverá com os carregamentos econômicos de 2022 e de outrora, tais como: i) os esforços no processo de normalização do fluxo de insumos, o qual ainda segue pressionando os custos das matérias-primas, ii) as restrições de mobilidade em grandes centros na China e iii) as indefinições sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que seguem prejudicando a atividade econômica global.
O ano que se aproxima e que traz consigo mudanças estruturantes de governo no Brasil, além de ainda carregar alguns efeitos provocados pelos eventos ocorridos em 2022, enfrentará uma série de novos desafios já mapeados, como os riscos fiscais e o ambiente externo adverso, e aqueles que ainda estão por vir.
Veja também os destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de dezembro:
•A indústria extrativa do Espírito Santo recuou -17,9% no acumulado do ano até outubro, influenciando negativamente o resultado da indústria geral do estado, que caiu -6,7% no período.
•A indústria de transformação registrou recuo menos intenso, mas também segue em queda (-1,4%) no ano.
•As exportações da indústria capixaba totalizaram US$ 7,01 bilhões no acumulado de janeiro a outubro de 2022, valor 1,54% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.
•No acumulado do ano, os preços do barril de petróleo Brent e WTI registraram crescimentos de 43% e 42%, respectivamente, mas as cotações do minério de ferro e das bobinas de aço recuaram -27,5% e -36%, nessa ordem.
•Em dezembro, os industriais capixabas sinalizaram falta de confiança, principalmente sobre a economia brasileira, o que pode ser explicado pela troca de governo e falta de definição das medidas econômicas.
Clique aqui e confira a publicação completa do Boletim da Indústria Capixaba de dezembro de 2022.
Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria
Jordana Teatini
Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.