BIC de fevereiro destaca a desaceleração da economia chinesa e possíveis impactos no ES

Ter metade da pauta exportadora diversificada entre 21 países pode ser favorável ao Espírito Santo em tempos de desaceleração da segunda maior economia do mundo

PUBLICADO EM 18 Fev 2022

A Carta de Abertura do Boletim da Indústria Capixaba, edição de fevereiro de 2022, aborda a desaceleração da economia da China observada em 2021 e sua relação com grandes indústrias atuantes no Espírito Santo.

  • Confira abaixo trechos da Carta e clique aqui para acessar a íntegra do documento.

" A China iniciou 2021 em meio à forte recuperação após o primeiro ano de pandemia, entretanto, com o passar dos trimestres, o PIB do país foi registrando taxas de crescimento cada vez menores.  Este menor desempenho chinês repercutiu sobre diversos mercados internacionais, como apresentado, em especial, nos relatórios de grandes empresas atuantes no Espírito Santo. 

No ramo de papel e celulose, a Suzano passou a apontar, a partir do terceiro trimestre de 2021, os efeitos do arrefecimento da economia chinesa e as restrições de energia na indústria daquele país, ao passo que os outros mercados continuaram com o sólido desempenho no ramo de papéis. Já a ArcelorMittal estima que a demanda chinesa por aço tenha registrado uma taxa negativa de -2% em 2021 e é esperado que em 2022 essa demanda continue a cair, atingindo um intervalo de -2% a 0% em relação a 2021. Por outro lado, a empresa espera que o consumo aparente de aço cresça nos Estados Unidos, na Europa e na Índia em relação ao ano passado.

No Espírito Santo, em 2021, a China foi o segundo maior parceiro comercial do estado, com 7,1% de participação nas exportações capixabas (US$ 9,8 bilhões). Constata-se que o Espírito Santo possui uma menor participação do mercado chinês na sua pauta exportadora se comparada com a do Brasil. 

A partir desse quadro, qual é o possível impacto da perda de dinamismo da China e no fluxo comercial do Espírito Santo? A hipótese levantada nesta carta é a seguinte: a menor participação do mercado chinês na pauta exportadora do Espírito Santo, quando comparada com a do Brasil, sugere que o estado pode se situar em uma posição menos desfavorável aos impactos da desaceleração da economia chinesa. Além disso, ao analisar os demais destinos das exportações capixabas, o estado consegue penetrar em outros mercados complementarmente ao mercado chinês.

Ainda em relação aos parceiros comerciais do Espírito Santo, os Estados Unidos seguem como o principal, respondendo por 31,6% das vendas externas do estado. Metade da pauta exportadora capixaba é destinada a outros 21 países, entre eles Argentina, Malásia, Canadá, Egito, Países Baixos, Japão, Turquia, Coreia do Sul, Chile e outros.

Essa distribuição revela que o Espírito Santo tem potencial para aumentar a sua inserção para além dos seus dois principais parceiros comerciais. A maior diversificação de mercados e de produtos é de extrema importância para continuar estimulando o desenvolvimento e a diversificação da economia capixaba".

 

Outros pontos destacados na publicação do BIC de fevereiro são:

  • A produção da indústria capixaba fechou o ano 2021 com avanço de 4,9%, 1º resultado positivo em 3 anos.

  • O crescimento do setor industrial capixaba foi impulsionado pelo aumento de 15,2% na produção da indústria de transformação.

  • O valor exportado pela indústria extrativa do Espírito Santo cresceu 142,5% e a quantidade exportada superou 33% em relação a 2020.

  • O setor industrial gerou 9,1 mil novas vagas na economia formal do estado em 2021.

Clique aqui e confira a públicação completa do Boletim da Indústria Capixaba de fevereiro de 2022.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.