BIC de fevereiro destaca a queda na taxa de câmbio em 2022 e as perspectivas futuras para o dólar

De acordo com os dados do Banco Central, o câmbio da moeda brasileira frente a moedas de outros países, tais como a dos Estados Unidos, a da área do Euro, a do Japão e do Reino Unido, por exemplo, registrou forte valorização no início de 2022.

PUBLICADO EM 27 Abr 2022

A Carta de Abertura do Boletim da Indústria Capixaba (BIC) de abril traz em destaque a queda da taxa de câmbio no início de 2022 motivada por dois fatores aparentes: o diferencial da taxa de juros brasileira frente a de outros mercados e a valorização internacional dos preços das commodities.

  • Confira abaixo um resumo da Carta e clique aqui para acessar a íntegra do documento.

No ano, o real já registra uma valorização de 16% frente ao dólar americano. Logo no início de 2022, antes da concretização do ataque russo ao território ucraniano, a  moeda nacional já vinha em trajetória de valorização frente ao dólar (Gráfico abaixo), que foi intensificada nos últimos dois meses, quando o Brasil se apresentou mais atraente ao investidor estrangeiro, se comparado a outros mercados.

Com o diferencial das taxas de juros entre a economia brasileira e as demais e com a indicativa melhora do quadro fiscal do Brasil, o mercado nacional passou a ser melhor avaliado externamente. Em termos de dados, isto quer dizer que a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, atualmente está em 11,75% a.a., ao passo que a dos Estados Unidos se encontra no intervalo de 0,25% a 0,50% a.a. Entre as que se posicionam acima do Brasil estão as taxas de juros da Turquia, da Rússia e da Argentina. Abaixo, constam as do México, da África do Sul, da China e da Coreia do Sul, por exemplo.

Outro motivo que explica a valorização da moeda nacional frente ao dólar é a elevada cotação internacional das commodities. Apesar de um leve recuo no último mês, os preços do petróleo e de outras commodities se encontram em patamares acima do período que antecedeu o ataque russo (e que gerou um pico nos preços). Por ser um país exportador de insumos energéticos, metálicos e de grãos, e por haver uma “janela de mercado” nesses segmentos com as sansões econômicas à Rússia e a menor participação dos produtos fabricados nos países em guerra, os valores (em dólar) das exportações do Brasil tenderam a aumentar, mesmo com o câmbio menor.

Contudo, a expectativa de que o FED aumentará paulatinamente a taxa básica de juros da economia dos Estados Unidos, gera dúvidas de até que ponto essas elevações influenciarão um possível redirecionamento de ativos que estão no mercado brasileiro para o mercado norte americano. Por isso, a possibilidade da saída de capital estrangeiro em direção a outros mercados diante do aumento de taxas de juros de outras nações pode repercutir em uma desvalorização da moeda brasileira em um segundo momento.

 

Outros pontos destacados na publicação do BIC de março são:  

  • No 1º bimestre de 2022 frente ao mesmo período de 2021, o crescimento de 9,3% na produção da indústria de transformação capixaba impulsionou o avanço da indústria geral (3,6%).
  • Entre as 4 atividades da indústria de transformação pesquisadas, 3 registraram avanços na produção no período: fabricação de alimentos (44,9%), papel e celulose (2,7%) e metalurgia (2,6%).
  • A inflação na indústria brasileira registrou desaceleração em fevereiro (0,6%) frente a janeiro (1,2%), motivada pela valorização do real frente ao dólar.
  • O maior efeito da taxa de câmbio foi observado no IPP da indústria de transformação, ao passo que a indústria extrativa segue influenciada pela elevação nos preços das commodities.
  • Em março, as médias mensais da cotação do petróleo ficaram acima dos US$ 100/barril. A do minério de ferro registrou a quinta alta consecutiva, também ficando acima do patamar pré-guerra na Ucrânia.
  • No 1º bimestre, a indústria do Espírito Santo criou 1,4 mil novos postos formais de trabalho.

Clique aqui e confira a públicação completa do Boletim da Indústria Capixaba de abril de 2022.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.