BIC de junho destaca o atual cenário econômico internacional adverso, com aumento de inflação e redução de expectativa para o PIB global

Acompanhar como o mundo está se comportando em termos de crescimento econômico é fator fundamental para a economia capixaba. O crescimento econômico do Espírito Santo possui elevada correlação com o crescimento dos fluxos de comércio internacional do estado. Isto quer dizer que o estado apresenta uma semelhança no padrão de comportamento da atividade econômica e da corrente de comércio (que corresponde ao somatório dos valores importados e exportados).

Um dos desdobramentos da guerra consiste no aumento dos preços das commodities (em especial as energéticas e os grãos), que por sua vez exercem um efeito direto sobre o aumento da inflação mundial. Conforme apontado pela OCDE no relatório de junho, a inflação mundial já vinha crescendo desde meados de 2020, com padrões diferentes a depender do país, mas recentemente, apresentou uma aceleração mais generalizada entre as economias.

No Brasil, a inflação ao consumidor (IPCA) acumula alta de 11,7% em 12 meses encerrados em maio. Assim como observado para os Estados Unidos e a área do Euro, os itens relacionados ao transporte (crescimento de 19,9% até maio) e à alimentação e bebidas (13,5%) seguem pressionando o indicador geral no país.

Neste contexto de aumento geral dos preços, a OCDE elevou as expectativas para a inflação ao consumidor das 20 principais economias (G20) mundiais em 2022. A Organização estima que a inflação do G20 atingirá um pico de 7,6% em 2022 e desacelerará para 6,25% em 2023, na expectativa de que o choque sobre os preços das commodities energéticas e as restrições sobre as cadeias suprimentos já terão passado (ainda que gradualmente sobre esta última).

Sobre o nível de atividade econômica global, a OCDE espera um crescimento da economia mundial na ordem de 3,0%, estimativa inferior àquela realizada em dezembro do ano passado, quando se esperava um crescimento de cerca de 4,5% para esse ano. A projeção para o PIB do Brasil em 2022 está em 0,6%8, explicada pelo fortalecimento nas exportações das commodities, contrabalanceada pelo aumento da inflação – que deve comprometer o poder de compra das famílias brasileiras e desencadear um aperto adicional da política monetária. A estimativa para o PIB anual dos Estados Unidos caiu de 3,7% em dezembro para 2,5% em junho. Para a área do Euro recuou de 4,3% para 2,6%. E para a China saiu de 5,1% para 4,4%.

Ainda que as exportações capixabas estejam favorecidas, de maneira geral, pelo aumento dos preços internacionais das commodities, essas expectativas de redução da atividade econômica global, em especial dos principais parceiros comerciais do estado, potencializadas pelo aumento generalizado da inflação, tornam-se componentes de incerteza para a sustentabilidade do crescimento da economia do Espírito Santo nos próximos trimestres.

Apesar da importância do mercado externo para a economia capixaba, vale ressaltar que outras variáveis de cunho interno também são relevantes para as expectativas quanto ao desempenho econômico do estado em 2022.

Clique aqui e confira o texto completo da Carta de Abertua e a publicação do Boletim da Indústria Capixaba de junho.

A seguir, outros pontos destacados na publicação de junho:  

• No acumulado de janeiro a abril, a produção industrial do Espírito Santo recuou -0,9% frente ao mesmo período de 2021. A indústria extrativa capixaba acumula queda de -10,3%, ao passo que a indústria de transformação avança 3,6%.

• A elevação dos preços internacionais seguiu influenciando o aumento do valor das importações (57,1%), ao passo que a quantidade cresceu em menor magnitude (1,3%).

• A inflação na indústria nacional avançou 6,94% no acumulado do ano.

• No mercado de trabalho formal,a indústria geral capixaba criou 3,2 mil novos postos formais de trabalho e a indústria da construção promoveu 2,9 mil novas vagas nos quatro primeiros meses do ano.

Clique aqui e confira a públicação completa do Boletim da Indústria Capixaba de maio de 2022.