BIC de março aborda os desdobramentos econômicos do conflito Rússia x Ucrânia e os impactos no ES
No Boletim da Indústria Capixaba a Carta de Abertura traz em destaque as sanções econômicas (impostas tanto por outras nações e empresas, quanto pela Rússia), o aumento dos preços das commodities e os possíveis impactos sobre a economia capixaba.
- Confira abaixo um resumo da Carta e clique aqui para acessar a íntegra do documento.
Desde o dia do ataque russo ao território ucraniano, em 24 de fevereiro de 2022, parte da comunidade internacional passou a se posicionar ofensivamente frente à Rússia, com medidas de sanções econômicas, como forma de retaliação e de minar as interferências russas no cenário internacional.
Ainda que a Rússia e a Ucrânia não sejam parceiros comerciais expressivos do Espírito Santo, no que diz respeito aos valores transacionados entre os países, a economia capixaba sentirá os efeitos do conflito à medida que o valor das mercadorias e dos serviços fiquem mais caros, na esteira do aumento dos preços globais.
Diferentemente do que ocorre na Europa, o Brasil e o Espírito Santo não são dependentes diretos do petróleo e do gás natural russos. Logo, não precisamos lidar, em um primeiro momento, com a problemática direta da falta e das ameaças sobre o abastecimento, como a Europa. No entanto, devido ao contexto externo, os preços praticados no mercado interno que são atrelados ao preço internacional, encarecem o processo produtivo e consequentemente o preço final que chega aos consumidores brasileiros. Como o caso da gasolina, que sofreu um reajuste de preço pela Petrobras nas refinarias.
O aumento de preços dos combustíveis no país e no estado repercutem sobre os preços de vários outros itens de consumo, uma vez que o custo com o transporte de mercadorias torna-se mais caro. Somando-se a esta elevação de preços da gasolina e do diesel, outros produtos passaram a registrar aumentos diretos, como as commodities e insumos que a Rússia e a Ucrânia são importantes produtores mundiais, como o níquel, o alumínio, o trigo, o milho, o óleo de girassol e os fertilizantes.
Um ponto de atenção é a possibilidade do Espírito Santo se beneficiar do patamar mais elevado das cotações das commodities, como foi observado para a balança comercial do estado em 2021, e aumentar o valor exportado pela indústria capixaba, em especial os setores de minerais metálicos, metalurgia e petróleo e gás natural. Além disso, o estado pode aproveitar as oportunidades que se mostram para o Brasil no atual redesenho das cadeias globais, como a possibilidade de maior exportação de aço, minérios e alimentos.Contudo, este cenário dependerá da demanda externa, que por sua vez está susceptível a um risco de recessão econômica global.
Enquanto algumas nações mediadoras, como Israel e Turquia, tentam aproximar os representantes dos governos russo e ucraniano para selarem acordos, no momento, as negociações parecem não evoluir. De um lado, entre as exigências da Rússia estão a renúncia do interesse da Ucrânia em fazer parte da Otan e adotar políticas de desmilitarização do país. Do outro, o presidente Ucraniano, Volodymyr Zelensky, exige de Putin o fim da guerra, com garantias de segurança e integridade territorial.
Outros pontos destacados na publicação do BIC de março são:
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Em 2021, a Rússia respondeu por 4% de todo o valor importado pelo Espírito Santo, sendo a 5ª maior origem das compras externas capixabas. Por sua vez, a Ucrânia representou apenas 0,03% do que foi desembarcado em solo capixaba no ano passado.
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Aumento de 5,4% da produção física da indústria capixaba em janeiro de 2022 frente ao mesmo mês do ano passado. Este foi o 2º maior crescimento entre os 15 locais pesquisados pelo IBGE e acima do resultado nacional (-7,2%).
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Somatório de US$ 520,4 milhões das exportações industriais do estado em janeiro, correspondendo a um avanço de 29,0% na comparação interanual.
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Avanço de 1,2% na inflação ao produtor nacional em janeiro frente a dezembro de 2021, ainda sem refletir os recentes aumentos de preços motivados pelo conflito Rússia x Ucrânia.
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Criação de 1,5 mil novos postos formais de trabalho na indústria no primeiro mês do ano, com destaque para as atividades da indústria de transformação.
Clique aqui e confira a públicação completa do Boletim da Indústria Capixaba de março de 2022.
25 Mar
Boletim da Indústria Capixaba | BIC (mar2022) |
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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria
Jordana Teatini
Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.