BIC de novembro destaca a COP-27 e analisa os dados da indústria do ES publicados no mês
A Carta de Abertura do BIC de novembro aborda os desafios e avanços na atual discussão global em prol do clima a partir da COP-27. Confira abaixo trechos destacados desta Carta e clique aqui para conferir o texto na íntegra.
A cooperação internacional pelo clima se tornou uma pauta fixa no cenário político externo desde 1995. Por meio das Conferências das Partes (COP), os países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) se reúnem anualmente para debater sobre as mudanças climáticas globais. Com a conclusão da etapa da regulamentação do livro de regras do Acordo de Paris durante a COP-26 em 2021, a expectativa para a COP-27, realizada nos dias 7 a 20 de novembro de 2022, era, principalmente, de obter avanços nas negociações de temas mais técnicos.
As principais apostas eram de que o acordo, elaborado em Sharm-el-Sheik no Egito, abordasse, de forma mais aprofundada, questões relacionadas à mitigação dos gases do efeito estufa; à operacionalização do comércio global de carbono (mercado de carbono); e ao financiamento direcionado às adaptações climáticas e às perdas e danos.
Todavia, cabe salientar que, durante a COP-27, o pano de fundo das negociações foi pouco favorável ao consenso e à concretização de medidas mais ambiciosas, uma vez que a comunidade internacional enfrenta uma sobreposição de desafios causados pelas crises alimentares, energéticas, geopolítica e econômicas.
Por isso, as propostas de medidas voltados à mitigação das emissões e que poderiam a vir afetar a segurança energética mundial, à exemplo da fixação de redução do consumo de todos os combustíveis fósseis, acabaram não possuindo muito espaço nas mesas de negociação da COP-27. Diante disto, o acordo final apenas incentiva as nações a acelerarem a transição energética para “sistemas de baixa emissão”, o que inclui “aceleração dos esforços para a redução gradual da energia inabalável a carvão e eliminação gradual dos subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis”, ponto repedido do Pacto Climático de Glasgow (COP-26).
Cabe ressaltar que para alcançar esse objetivo, é indispensável que haja a adoção de ações cada vez mais assertivas, coordenadas e multidisciplinares pelos governos, pelo setor produtivo e pela sociedade civil. Afinal, todos nós temos um papel ativo e indispensável sobre a preservação e a segurança ambiental.
O Brasil exerceu um papel relevante no centro dessas discussões da COP-27 ao ser referência na renovabilidade da matriz energética e ser um grande player ambiental. Mas, a sua atuação acabou sendo segmentada em três grupos: o governo federal se dedicou às energias renováveis; os governos estaduais levaram a discussões sobre a floresta e a economia do bioma; e a sociedade civil debateu sobre os direitos humanos e justiça climática.
O Espírito Santo também participou da COP-27. O governador Casagrande apresentou o Plano Estadual de Descarbonização e Neutralização de Emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE), documento que reafirma o compromisso do Estado de diminuir a produção desses gases em cerca de 50% até 2030, além de alcançar a neutralidade até 2050.
Em resumo, o acordo firmado na COP-27 reafirmou o compromisso dos países membros com a resposta coletiva global às mudanças climáticas. Apesar do contexto desfavorável a avanços mais expressivos nas negociações, essa conferência reforçou a necessidade de se intensificar os esforços para a descarbonização.
Fique por dentro das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de novembro:
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Os dados conjunturais disponíveis até o momento mostram que a produção industrial do Espírito Santo recuou -4,9% no acumulado do ano até setembro, puxada pela indústria extrativa.
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Apesar de um leve aumento na produção de petróleo e gás natural no estado em agosto e setembro, a trajetória de queda ao longo do ano ajuda a explicar o recuo da indústria extrativa.
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De janeiro a setembro, as indústrias capixabas exportaram ao mundo o equivalente a US$ 6,47 bilhões, valor 0,4% superior ao comercializado no mesmo período de 2021 .
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Em novembro, o índice que mensura a confiança do setor industrial, tanto no estado quando no país, registrou forte recuo devido, principalmente, às expectativas mais moderadas quanto ao futuro próximo.
Clique aqui e confira a públicação completa do Boletim da Indústria Capixaba de novembro de 2022.
Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria
Jordana Teatini
Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.