Boletim de maio traz um box especial sobre a alta nos preços do setor da construção e aborda o Fundo Soberano do Espírito Santo

O alto custo da matéria prima é um dos principais fatores para a escalada nos preços do setor da construção

PUBLICADO EM 28 Mai 2021

A evolução dos preços de produtos da construção pode ser acompanhada por meio do Índice Nacional de Construção Civil (INCC) divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O INCC-10 registrou uma alta de 13,49% em 12 meses até maio. A elevação dos preços em itens na construção ficou mais intensa a partir do segundo semestre do ano passado, puxada pelo aumento dos preços dos materiais e serviços. Até maio, o INCC-10 Materiais e serviços aumentou 25,70% em 12 meses. Já o outro componente do INCC, a mão de obra, não tem se elevado tanto quanto o de materiais e serviços. Os preços da mão de obra subiram 2,98% nesta mesma base de comparação.

Outra maneira de se observar o comportamento dos preços do setor ocorre por meio do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) apurado pelo IBGE. De acordo com esse indicador, o custo médio por metro quadrado da construção civil no Brasil acumula alta de 16,3% no Brasil e 17,1% no Espírito Santo em 12 meses até abril.

Também nesta publicação, o assunto da seção de destaque diz respeito aos desdobramentos da regulamentação do Fundo Soberano do Espírito Santo (Funses). Com a criação de um fundo de investimento em participações (FIP-ES) a partir dos recursos do Funses e ancorado no Plano Espírito Santo - Convivência Consciente, o Funses fomentará os investimentos em inovação ou no aperfeiçoamento do ambiente produtivo e social das empresas capixabas ou que atuam no estado.

Essas oportunidades de investimento foram anunciadas para 20 setores-alvo em que o FIP-ES irá aportar recursos. Os setores-alvo contemplados pelo FIP serão, em boa parte, os Setores Portadores de Futuro para o Espírito Santo, que fazem parte do projeto Indústria 2035 da Findes, tais como Agroalimentar, Confecção, Têxtil e Calçado, Energia e outros.

Neste mês de maio, em cerimônia de lançamento da chamada pública para a contratação de uma empresa de gestão de recursos para o FIP-ES, foi informado que o fundo de investimento terá um patrimônio de R$ 250 milhões e um prazo de duração de 10 anos, prorrogável por mais 2 anos. A gestora a ser contratada para o FIP-ES e que participará do aconselhamento, apoio e monitoramento das companhias investidas em suas estratégias e oportunidades de criação de valor. Assim, o Governo do Estado não participará da gestão das empresas investidas.

As experiências internacionais de fundos soberanos mostram como fatores críticos de sucesso que os objetivos do fundo estejam diretamente ligados às suas definições de governança, transparência e estratégias de investimento. Tudo isso posto e levando em consideração o momento de crise econômica-sanitária, com a regulamentação do Funses, o Espírito Santo dá mais um passo para a construção de um futuro mais sustentável para a economia e a sociedade capixabas. Mas é a correta gestão do fundo que determinará se o Funses cumprirá os objetivos traçados.

  • Confira abaixo os destaques das demais seções da publicação do BEC de maio:

Atividade Econômica

Em relação ao 1º trimestre de 2020, a atividade econômica, medida pelo IBC, avançou 2,27% no Brasil e 2,77% no Espírito Santo. Na passagem de fevereiro para março, a economia recuou -1,59% no país e -0,32% no estado, sinalizando, em ambos os casos, os efeitos da ampliação das medidas restritivas adotadas em meados de março – e com duração até os meses seguintes.

Desempenho Industrial

A produção brasileira avançou 4,4% no 1º trimestre do ano frente ao mesmo período do ano passado, influenciada pelo crescimento de 5,2% da indústria de transformação. Contrariamente ao desempenho nacional, a indústria do Espírito Santo recuou -4,8% no período, sob a influência da retração na indústria extrativa (-26,9%). A indústria de transformação capixaba avançou 11,5% nessa base de comparação, com destaque para o crescimento de 60,2% no setor de celulose, papel e produtos de papel e de 25,4% nos produtos minerais não-metálicos.

Preços, Juros e Crédito

A inflação nacional, mensurada pelo IPCA, acumulou alta de 6,76% em 12 meses até abril, patamar acima da meta estabelecida para 2021 de 3,75% com o intervalo de tolerância de +/- 1,5 p.p. Na Grande Vitória, o IPCA subiu mais que a média do país, com alta de 7,53% pressionado pela continuidade no aumento dos preços dos artigos de residência (13,15%), dos alimentos (12,08%), dos transportes (12,00%) e da habitação (7,17%). 

Diante da escalada no comportamento do IPCA e considerando outros fatores, no início de maio o Comitê de Política Monetária elevou em 0,75 p.p. a taxa Selic para 3,50% a.a., e se comprometeu em realizar outro ajuste de 0,75 p.p em junho, caso não haja uma mudança nos condicionantes da trajetória da inflação.

Finanças Públicas e Estaduais

No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, as receitas do governo estadual totalizaram R$ 5,7 bilhões, redução real de -7,4% da arrecadação estadual, em relação ao mesmo período de 2020. Nessa base de comparação, as despesas liquidadas somaram R$ 4,2 bilhões, equivalentes a uma queda real de -13,8%.

Os investimentos liquidados do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo somaram R$ 53,9 milhões no acumulado do ano, o que correspondeu a 10,05% do total orçado para 2021. Esse valor, no entanto, representa uma queda de -28,2% quando comparado com o mesmo período de 2020

 

O Boletim Econômico Capixaba é uma publicação mensal do Ideies sobre a conjuntura econômica do Espírito Santo e do Brasil.

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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.