Espírito Santo criou 13.932 novos postos formais de trabalho no 1º trimestre de 2024

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou, na terça-feira (30/04/2024), as informações do Novo Caged referentes à movimentação do mercado de trabalho formal no mês de março de 2024.

PUBLICADO EM 02 Mai 2024

Os dados do Novo Caged referentes a março de 2024 mostraram que o mercado de trabalho formal capixaba registrou a criação líquida (admissões acima de desligamentos) de 13.932 postos formais de trabalho no primeiro trimestre de 2024. O resultado decorre da diferença entre 139,4 mil admissões e 125,4 mil desligamentos.

Entre os setores da economia, os Serviços (+8.020), a Indústria (+5.952) e a Agropecuária (+426) lideraram a criação de postos formais em 2024. Apenas o Comércio (-466) registrou saldo negativo no trimestre — movimento sazonal característico do período inicial do ano, tendo em vista a ocorrência de demissões de parcela significativa dos trabalhadores contratados ao final do ano anterior, quando as vendas do setor aceleram.

Com o resultado positivo de março, o desempenho do mercado de trabalho formal capixaba posicionou o Espírito Santo na 12ª colocação entre os estados brasileiros na geração de novos postos formais no ano. São Paulo (+213,5 mil), Minas Gerais (+88,40 mil) e Paraná (+69,6 mil) foram os primeiros colocados no ranking. Já na outra extremidade, Paraíba (505), Maranhão (-854) e Alagoas (-11.978) foram os estados com os menores saldos líquidos no trimestre.

O mercado de trabalho brasileiro registrou abertura de 719,0 mil postos formais no primeiro trimestre, fazendo com que o estoque de empregos formais no Brasil atingisse a marca de 46,2 milhões de trabalhadores em 2024.

 

Resultados setoriais

As vagas criadas no Espírito Santo no primeiro trimestre de 2024 originaram-se do saldo positivo nos Serviços (+8.020), na Indústria (+5.952) e na Agropecuária (+426). Apenas o Comércio (-466) computou saldo negativo no trimestre, devido ao movimento sazonal característico do período inicial do ano.

 O setor de Serviços (+8.020) liderou a criação de novas vagas com carteira assinada no Espírito Santo no primeiro trimestre do ano. O setor foi impulsionado, principalmente, pelas atividades de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+3.695) e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (2.238). No primeiro segmento, os serviços de educação (+1.777) foram o destaque na criação de novas vagas, movimento que reflete o período de recomeço do ano letivo nas escolas e faculdades. Já no segundo, destacaram-se as atividades administrativas e serviços complementares, com 1.161 novos postos formais criados no período.

A Indústria[1] (+5.952) foi o segundo maior setor na ampliação de postos formais no trimestre, impulsionada pela construção (+3.258) e pela indústria de transformação (+2.539). No primeiro segmento, destacaram-se os serviços especializados para construção, com a criação de 1.277 postos formais e as obras de infraestrutura, com geração de 1.195 novos postos de trabalho. Já na indústria de transformação, a fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+501) e a manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (+386) foram os destaques positivos no primeiro trimestre de 2024.

O setor da Agropecuária (+426) foi impactado positivamente pelas contratações no segmento de lavouras permanentes (+410), em que se destacou o cultivo de café – principal atividade agrícola do estado –, que registrou a criação de 347 postos formais no primeiro trimestre do ano.

Por fim, o Comércio (-466) foi o único dentre os setores a apresentar saldo negativo de postos formais no trimestre. O setor foi impactado negativamente pelo saldo do comércio varejista (-2.151), uma vez que o comércio por atacado (+1.082) e as atividades de reparação de veículos automotores e motocicletas (+603) registraram saldos positivos no período. Vale mencionar que o saldo negativo do Comércio possui caráter sazonal característico do período inicial do ano, tendo em vista que a ocorrência de demissões de parcela significativa dos trabalhadores contratados ao final do ano anterior, quando as vendas do setor aceleram.

 

Municípios do ES

A análise municipal revelou um saldo positivo de postos formais em 58 dos 78 municípios capixabas no primeiro trimestre de 2024. Os municípios com maior geração de empregos foram: Vila Velha (2.551), Vitória (2.442) e Serra (+2.237). Por outro lado, Apiacá (-25), Marechal Floriano (-48) e Guarapari (-328) registraram as maiores reduções de empregos formais no período.

Pela ótica dos municípios com os maiores resultados positivos, Vila Velha (+2.177) e Vitória (+1.518) foram impulsionados pelo setor de Serviços. Já em Serra (+1.112) o destaque do período foi o setor da Construção. Já entre os municípios com as maiores retrações, Apiacá (-27) foi impactada pelo setor de Serviços, enquanto que em Marechal Floriano (-17) e Guarapari (-228) o Comércio liderou as perdas no trimestre.

Acompanhe mês a mês no painel abaixo, de forma dinâmica e interativa, a quantidade de empregados admitidos e desligados, além do saldo de postos de emprego com carteira assinada para o Espírito Santo e municípios do ES.

 

 

Diferenças metodológicas entre o Caged e o Novo Caged

De 1992 a 2019 as informações sobre o mercado de trabalho formal foram registradas e divulgadas como fonte pelo Caged. A partir de janeiro de 2020, estas passaram a ter como fonte o Novo Caged.

O Novo Caged conta com as informações do eSocial. O eSocial foi instituído em pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, com objetivo de concentrar em um único sistema diversas informações de empresas e trabalhadores, unificando registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. Além do eSocial, o Novo Caged incorpora imputação de dados que vem do antigo Caged e do Web empregador, para complementar informação de desligamento. É, portanto, mais abrangente do que o Caged que só concentrava informações de admissões e desligamentos sob o regime CLT.

A captação de registros de admissões e desligamentos pelo Novo Caged passou a ter maior cobertura, dado que, além dos empregados sob o regime CLT, passou a cobrir os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos, dirigentes sindicais, contribuintes individuais e bolsistas. Estes não eram registrados no Caged ou a declaração era opcional, como a de vínculos temporários, o que para o Novo Caged passou a ser obrigatória. Com estas modificações, o volume das movimentações captadas pelo Novo Caged tende a ser maior. Estas diferenças de captação prejudicam a comparação da série ao longo do tempo, a qual deve ser realizada com as devidas ressalvas metodológicas.

 


[1] Compreende os segmentos da Indústria geral (indústria de transformação, extrativa e SIUP) e da Construção.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Francisco Brunoro Jr.

Economista e Mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesse nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), Desenvolvimento Regional e Economia Comportamental.