Expectativas em relação à COP 28 e os desafios da transição energética mundial são os destaques do BIC de novembro

PUBLICADO EM 05 Dez 2023

A Carta de Abertura da edição do Boletim da Indústria Capixaba de novembro aborda um importante plano de fundo da 28ª edição da Conferência das Partes (COP 28): a transição energética mundial em tempos de abalos da segurança energética global. Leia abaixo trechos selecionados da Carta de Abertura de novembro e clique aqui para conferir o texto na íntegra.

Durante a conferência, em que são revisados os posicionamentos e ações de cada país e o inventário de emissões de gases do efeito estufa (GEE), busca-se também discutir maneiras para estabilizar a concentração desses gases lançados à atmosfera. A partir das informações mapeadas, os esforços se dão no intuito de avaliar as melhorias alcançadas e traçar estratégias para implementação de novas medidas.

A expectativa em relação à COP 28 é que mais ações concretas ocorram – como o aumento do financiamento para auxílio à transição nos países em desenvolvimento – em comparação à última conferência realizada em 2022, no Egito. 

À medida que se agrava a necessidade de acelerar o processo de transição para uma economia global de energia limpa, o chamado “trilema energético” assume o foco das discussões. O termo, que remete à uma proposição formada por três pontos aparentemente conflitantes, busca resolver uma equação energética complexa que concilia segurança energética, sustentabilidade ambiental e equidade energética.

Contudo, conciliar segurança energética, equidade e sustentabilidade ambiental não é uma tarefa simples, especialmente quando progressos simultâneos nas três áreas se fazem necessários. Entre os pontos-chave apresentam-se o estabelecimento de um equilíbrio entre crescimento econômico e ampliação do acesso à energia para as populações mais vulneráveis, ao mesmo tempo que se pretende cumprir as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa estabelecidas pelo Acordo de Paris e garantir a segurança energética que provém das fontes fósseis durante o processo de transição.

Segundo o relatório da IEA, o investimento global em energia limpa aumentou 40% desde 2020. O resultado é fruto dos esforços para redução das emissões de GEE, dos incentivos econômicos em prol de tecnologias maduras de energia limpa e da segurança energética, especialmente nos países importadores de combustíveis.

Outro ponto animador diz respeito à mudança gradual na composição da matriz energética global. Ainda que permaneça dominada pelos energéticos de origem fóssil, como petróleo e gás natural – indispensáveis provedores de segurança energética para a transição –, as fontes provenientes de energias renováveis têm aumentado consistentemente sua participação nos últimos vinte anos. Dados mais recentes da BP Statistical Review of World Energy apontam para um crescimento de mais de nove vezes na participação dessas fontes renováveis na composição da matriz mundial – que saltou de 0,8% em 2002 para 7,5% em 2022.

Mesmo que os resultados se mostrem animadores, o percurso ainda é longo.

Certamente, para percorrer uma estrada longa e sinuosa, motoristas e copilotos sabem que precisam estar no rumo correto e trabalhando de maneira harmoniosa. O rumo tem sido apontado pelo GPS da ciência há anos, mas a sintonia necessária depende, mais do que nunca, do alinhamento entre os “motoristas” públicos e privados ao redor do mundo.

Em busca desse alinhamento, o Brasil enviou para as discussões climáticas da COP 28 a maior delegação de sua história.

O Espírito Santo também está representado nas discussões da COP 28, onde estão presentes importantes atores do setor público e privado, como o governador Renato Casagrande e a presidente da Findes, Cris Samorine. Atento às questões climáticas, vale destacar que o estado capixaba foi o primeiro a ter um Fundo Soberano, que utiliza os recursos de combustíveis fósseis para investir em fontes de energia renovável, inovação e tecnologia.

Veja também alguns dos destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de novembro

  • Produção industrial do Espírito Santo cresceu 7,6% no acumulado do ano até setembro, impulsionada pelo avanço de 17,3% na indústria extrativa.
  • De janeiro a setembro desse ano, as exportações da indústria capixaba somaram US$ 6,3 bilhões, valor 2,5% abaixo do registrado no mesmo período de 2022.
  • Até setembro, a indústria da construção e a indústria geral foram responsáveis por gerar 38,8% dos novos empregos na economia capixaba.
  • Inflação ao consumidor (IPCA) no país cresceu 4,8% em 12 meses até outubro, refletindo uma tendência de desinflação ao longo deste ano.

 

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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.