Exportações do ES caem 23,7% no 1° trimestre de 2020

As exportações brasileiras caíram 3,2% no primeiro trimestre, apesar de no mês de março terem superado o ano anterior em 10,4%. As importações, no entanto, cresceram em fevereiro (5,0%) e março (10,6%), o que resultou no aumento de 4,3,% na comparação entre os trimestres de 2019 e 2020. Com as importações crescendo e as exportações caindo, o saldo da balança comercial foi bastante prejudicado e teve recuo de 38,4%.

No Espírito Santo, as exportações retraíram em 23,7% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior. Neste primeiro trimestre de 2020, o valor das exportações foi impactado por uma redução de 4,7% nos preços dos bens e uma queda de 20,9% na quantidade exportada, principalmente de bens básicos. 

As importações capixabas também registraram queda no primeiro trimestre, com variação de -6,6% em relação ao mesmo período de 2019. Com a forte queda das exportações, a diferença entre este valor e as importações, que resulta no saldo comercial, teve uma forte queda de 69,9% na comparação entre os primeiros trimestres de 2019 e 2020. 

As exportações brasileiras já estavam desacelerando em 2019, com o impacto da retração do volume do comércio mundial e essa tendência se agravou mais no final do ano. Nos primeiros meses de 2020, a balança comercial do Brasil ainda não foi impactada pelos efeitos do COVID-19 na economia global. Além disso, neste primeiro trimestre de 2020 também houve uma redução média nos preços das commodities. 

Considerando o desempenho dos principais produtos da pauta de exportação do Espírito Santo neste primeiro trimestre, pode-se destacar: 

  • Recuo do valor exportado de minérios de ferro (-49,4%) e dos óleos brutos de petróleo (-48,9%). Na comparação da quantidade exportada de minérios de ferro entre os três primeiros meses de 2020 com o ano anterior houve redução de 3.113.580 de toneladas.
  • Na indústria de transformação as exportações de alguns produtos se destacaram como as pastas químicas de madeira (34,3%), os tubos flexíveis de metais comuns (518,5%) e ferro fundido bruto e ferro spiegel (39,2%). O crescimento das exportações desses produtos juntos equivale a US$ 258 milhões. Porém, o setor perdeu valor nas exportações de produtos semimanufaturados de ferro ou aço (-13,4%), de pedras de cantaria (-12,¨%) e outras ligas de aço (20,3%).
  • A queda nas exportações de café (-8,3%) e de pimenta (-30,8%).

Entre janeiro e março de 2020, as exportações para os Estados Unidos aumentaram em 1,7% no primeiro trimestre deste ano e o país continua sendo o principal país de destino. As exportações para o bloco de países europeus teve retração de 35,0% na comparação dos três primeiros meses de 2020 com o ano anterior. Os Países Baixos (Holanda) se destacaram neste período com o aumento de 168,6% no valor importado, e se tornaram o segundo mais importante destino das exportações neste início de ano. O Espírito Santo também exportou mais para a China (0,8%) e para a Malásia (56408,2%) no primeiro trimestre de 2020, porém as exportações para o bloco de países asiáticos tiveram retração de 35,7%. De maneira geral, as exportações do Espírito Santo ficaram mais concentradas nestes 10 mercados de destino diante da queda de 46,8% registrada no valor exportado para os outros países.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que em 2020 o impacto da pandemia leve a uma queda do comércio mundial entre 13% e 32% em 2020 mas, a recuperação do comércio internacional pode ser alcançada em 2021 à depender da duração da epidemia e da efetividade das políticas adotadas em resposta à crise da economia global. Nos próximos meses os efeitos da contração da economia mundial podem chegar à economia capixaba pela queda de demanda internacional em alguns setores e queda de preços dos bens exportados, em especial de commodities. A queda do preço internacional do petróleo tem efeitos negativos para as regiões produtoras, mas também pode baratear alguns bens importados. Esses fatores devem afetar os dados da balança comercial já no próximo trimestre, mas o tamanho do impacto continua sendo incerto.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Vanessa Avanci

Economista, doutora em Economia pela UFF. Analista sênior do Observatório do Ambiente de Negócios, escreve sobre conjuntura econômica e atua realizando estudos e pesquisas sobre a indústria, comércio exterior, produtividade e inovação.