Impulsionado pelos Serviços, Indústria e Agropecuária, Espírito Santo criou 22.207 novos postos formais de trabalho nos quatro primeiros meses de 2024
O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou, na quarta-feira (29/05/2024), as informações do Novo Caged referentes à movimentação do mercado de trabalho formal no mês de abril de 2024.
Os dados do Novo Caged referentes a abril de 2024 mostraram que o mercado de trabalho formal capixaba registrou a criação líquida (admissões acima de desligamentos) de 22.207 postos formais de trabalho nos quatro primeiros meses do ano. O resultado decorre da diferença entre 191,7 mil admissões e 169,5 mil desligamentos.
Setorialmente, o resultado consistente observado para o estado foi impulsionado pelo saldo positivo em todos os setores da economia, com destaque para os serviços (+9.996), indústria (+7.702), agropecuária (+4.096) e comércio (+411).
Com os resultados de abril, o desempenho do mercado de trabalho formal capixaba posicionou o Espírito Santo na 10ª colocação entre os estados brasileiros na geração de novos postos formais no ano. São Paulo (+288,0 mil), Minas Gerais (+114,0 mil) e Paraná (+87,8 mil) foram os primeiros colocados no ranking. Já na outra extremidade, Maranhão (+2.116), Paraíba (+1.321) e Alagoas (-13.182) foram os estados com os menores saldos líquidos no acumulado do ano até abril.
O mercado de trabalho brasileiro registrou abertura de 958,4 mil postos formais no período considerado, fazendo com que o estoque de empregos formais no Brasil atingisse a marca de 46,5 milhões de trabalhadores em 2024.
Resultados setoriais
As vagas criadas no Espírito Santo nos quatro primeiros meses de 2024 originaram-se do saldo positivo nos serviços (+9.996), indústria (+7.702), agropecuária (+4.096) e comércio (+411).
O setor de Serviços (+9.996) liderou a criação de novas vagas com carteira assinada no Espírito Santo nos quatro primeiros meses do ano. O setor foi impulsionado, principalmente, pelas atividades de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+4.196) e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+3.089). No primeiro segmento, os serviços de educação (+1.833) foram o destaque na criação de novas vagas, movimento que reflete ainda a dinâmica do período de início do ano letivo nas escolas e faculdades. Já no segundo, destacaram-se as atividades administrativas e serviços complementares, com 1.426 novos postos formais criados no período.
A Indústria[1] (+7.702) foi o segundo maior setor na ampliação de postos formais no ano, impulsionada pela construção (+4.016) e pela indústria de transformação (+3.392). No segmento da construção, destacaram-se os serviços especializados para construção, com a criação de 1.649 postos formais, e as obras de infraestrutura, com geração de 1.192 novos postos de trabalho. Já na indústria de transformação, a fabricação de produtos de minerais não-metálicos (+447) e a manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (+445) foram os destaques positivos no acumulado de 2024.
O setor da Agropecuária (+4.096) foi impactado positivamente pelas contratações no segmento de lavouras permanentes (+3.388), em que se destacou o cultivo de café (+2.890) – principal atividade agrícola do estado. O mês de maio marca o início do período de colheita dos cafés conilon e arábica no estado, de forma que as contratações no segmento já aceleram a partir de abril. O ano de 2024 marcará a bienalidade positiva do fruto, em que se espera um aumento de 9% em relação à safra anterior do conilon e 48,3% em relação à safra do arábica, segundo o Incaper. Vale destacar que o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon e o terceiro maior produtor de café arábica do Brasil.
Por fim, o Comércio - que seguia impactado negativamente por conta das demissões de parcela significativa dos trabalhadores contratados ao final do ano anterior – recuperou-se em abril, o que contribuiu para o registro dos 411 novos postos formais no ano. Os segmentos de maior destaque foram o comércio por atacado (+1.600) e o comércio de reparação de veículos e motocicletas (+821). Por outro lado, o comércio varejista observou a perda de 2.010 postos formais até abril de 2024.
Municípios do ES
A análise municipal revelou um saldo positivo de postos formais em 65 dos 78 municípios capixabas nos quatro primeiros meses de 2024. Os municípios com maior geração de empregos foram: Serra (+3.389), Vitória (+2.998) e Vila Velha (+2.924). Por outro lado, Afonso Cláudio (-38), Apiacá (-38) e Mimoso do Sul (-69) registraram as maiores reduções de empregos formais no período.
Pela ótica dos municípios com os maiores resultados positivos, Serra (+1.414) foi impulsionada pela construção, enquanto que Vitória (+1.897) e Vila Velha (+2.263) foram impulsionadas pelo setor de Serviços.
Já entre os municípios com as maiores retrações, Afonso Cláudio (-23) foi impactado pela indústria, Apiacá (-34) pelos serviços e Mimoso do Sul (-66) pelo comércio. Sobre este último, vale pontuar que o município foi atingido por fortes chuvas no final do mês de março, o que causou a perda de 18 vidas e enorme destruição na cidade localizada no sul do estado.
Acompanhe mês a mês no painel abaixo, de forma dinâmica e interativa, a quantidade de empregados admitidos e desligados, além do saldo de postos de emprego com carteira assinada para o Espírito Santo e municípios do ES.
Diferenças metodológicas entre o Caged e o Novo Caged
De 1992 a 2019 as informações sobre o mercado de trabalho formal foram registradas e divulgadas como fonte pelo Caged. A partir de janeiro de 2020, estas passaram a ter como fonte o Novo Caged.
O Novo Caged conta com as informações do eSocial. O eSocial foi instituído em pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, com objetivo de concentrar em um único sistema diversas informações de empresas e trabalhadores, unificando registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. Além do eSocial, o Novo Caged incorpora imputação de dados que vem do antigo Caged e do Web empregador, para complementar informação de desligamento. É, portanto, mais abrangente do que o Caged que só concentrava informações de admissões e desligamentos sob o regime CLT.
A captação de registros de admissões e desligamentos pelo Novo Caged passou a ter maior cobertura, dado que, além dos empregados sob o regime CLT, passou a cobrir os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos, dirigentes sindicais, contribuintes individuais e bolsistas. Estes não eram registrados no Caged ou a declaração era opcional, como a de vínculos temporários, o que para o Novo Caged passou a ser obrigatória. Com estas modificações, o volume das movimentações captadas pelo Novo Caged tende a ser maior. Estas diferenças de captação prejudicam a comparação da série ao longo do tempo, a qual deve ser realizada com as devidas ressalvas metodológicas.
[1] Compreende os segmentos da Indústria geral (indústria de transformação, extrativa e SIUP) e da Construção.
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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria
Francisco Brunoro Jr.
Economista e Mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesse nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), Desenvolvimento Regional e Economia Comportamental.