Indústrias de transformação exportam US$ 1,0 bilhão no primeiro trimestre

Valor é o maior para o período de janeiro a março desde o início da série histórica

PUBLICADO EM 10 Mai 2022

A guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada no dia 24 de fevereiro, gerou forte impacto sobre a economia e o comércio mundial. Os efeitos econômicos mais imediatos decorrentes do conflito têm sido a elevação nas cotações das principais commodities energéticas, minerais e agrícolas, e a consequente aceleração inflacionária internacional[1].

Embora a guerra russa-ucraniana tenha gerado interrupções na produção dos países e as sanções empurram a Rússia para o isolamento comercial, as relações mercantis do Brasil e do Espírito Santo com essas nações são baixas. Por esse motivo, não houve uma interrupção súbita no fluxo do comércio nacional (e estadual) nesse período.

No Espírito Santo, as transações comerciais nos três primeiros meses de 2022 superaram os valores do mesmo período do ano passado. As exportações estaduais alcançaram US$ 2,04 bilhões, com alta de 16,9% em relação ao primeiro trimestre de 2021, enquanto as importações totalizaram US$ 2,1 bilhões, e marcaram crescimento de 62,8%.

A balança comercial do Espírito Santo fechou os três primeiros meses de 2022 com déficit de US$ 62,1 milhões. No entanto, a corrente de comércio foi de US$ 4,15 bilhões no período, a maior desde 2014 (US$ 4,51 bilhões). Com esses resultados, o estado ocupou a 11º colocação no ranking de exportação e na 9º posição entre os importadores do país.

 

Os produtos das indústrias de transformação foram os mais negociados no comércio externo, gerando o melhor resultado para os primeiros três meses do ano para esse setor industrial nas últimas duas décadasO total de bens enviados ao exterior pelas indústrias de transformação somaram US$ 1,0 bilhão entre janeiro e março deste ano. O montante foi 17,5% superior aos US$ 905 milhões exportados no mesmo período de 2021.

Do total das exportações capixabas, 30,0% foram destinadas aos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2022. Embora o valor seja inferior ao de 2021 (40,5%), o país norte-americano continua sendo o principal parceiro comercial do estado. No primeiro trimestre, o estado exportou um total de US$ 611,9 milhões para os EUA, queda de -13,7% em relação ao mesmo período de 2020 (US$ 708,6 milhões).

A despeito da recuperação dos fluxos e dos bons resultados comerciais do primeiro trimestre, as prospecções do FMI e OMC para o comércio internacional em 2022 apresentaram piora em relação às feitas no começo do ano. O Fundo reduziu de 4,4% para 3,8% as perspectivas de crescimento da atividade econômica mundial, ao passo que a OMC diminuiu de 4,7% para 3,0% o volume de comércio neste ano.

No Brasil, o aumento dos custos associados, principalmente, aos insumos energéticos estão pressionando a política monetária do Banco Central. No Boletim Focus mais recente, os analistas de mercado esperam uma taxa Selic de 13,25% a.a. O valor é 0,5 p.p. superior à taxa atual (12,75% a.a.) e é 1,0 p.p. superior ao esperado na semana anterior à guerra.


[1] Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo, além disso, junto com a Ucrânia, responde por 29% das exportações globais de trigo, 53% de óleo e semente de girassol e 14% das exportações de milho. Veja mais em: https://unctad.org/system/files/official-document/osginf2022d1_en.pdf

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Rafael Almeida Leal

Graduado e Mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Econômicos. Possui interesse na área de Finanças Públicas e análise de dados conjunturais.