"Open Banking e Demanda: Programas de Capacitação Financeira" por Carlos Ragazzo e Bruna Cataldo, em destaque no BEC de novembro

PUBLICADO EM 03 Dez 2020

Carlos Ragazzo é Professor da FGV Direito Rio, mestre e doutor em Direito pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), presidente do Conselho Consultivo do Instituto Propague, foi conselheiro e superintendente geral do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Bruna Cataldo é Mestre e doutoranda em Economia pela UFF (Universidade Federal Fluminense), pesquisadora associada ao Instituto Propague.

Open Banking e Demanda: Programas de Capacitação Financeira

A expansão das inovações financeiras – motivadas por um acelerado processo de digitalização e movimentações coordenadas de reguladores – é uma tendência mundial que percorre países de diferentes graus de desenvolvimento. O Brasil figura na fronteira dos acontecimentos regulatórios do setor financeiro, sendo puxado pelo crescimento da participação das Fintechs no país na última década e por uma ação ativa do Banco Central com a Agenda BC#.

Em particular, o movimento regulatório de Open Banking tem por propósito incentivar a criação de produtos mais adequados a diferentes perfis de consumidores, por meio da possibilidade de compartilhamento de informações, mediante consentimento, o que acaba com o monopólio de dados hoje nas mãos das grandes instituições financeiras. Uma frente específica que ele influenciará se dá na oferta mais personalizada e variada de crédito, com uma expectativa de atrair micro e pequenos empreendedores até então na margem do sistema financeiro formal.

Desenvolver a capacidade financeira dos consumidores se torna particularmente importante nos próximos anos, com a diversificação de produtos que o Open Banking irá produzir. Parte desse trabalho será feito pelos próprios ofertantes, mesmo porque a necessidade de uma melhor experiência com o produto será fundamental para o engajamento dos consumidores.

Mas é preciso discutir iniciativas privadas e públicas capazes de desenvolver capacitação financeira. O indicador de conhecimento financeiro do Brasil é de 48%: ou seja, mais da metade dos brasileiros não alcança o score básico de conhecimento. O desenvolvimento de capacidade financeira é particularmente relevante para a tomada de crédito, sendo que este é um empecilho significativo para o desenvolvimento de MPEs. 

Exemplos internacionais de programas de capacitação financeira demonstram resultados positivos trazidos por iniciativas voltadas para pequenas empresas. 

Olhando para como a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) do Brasil se relaciona com esses diagnósticos, é possível notar que existe espaço, privado e público, para desenvolver iniciativas de capacitação focadas para reagir às mudanças regulatórias atualmente em curso, sobretudo diante da possibilidade de inclusão maior de empresas no perfil de MPEs.

E embora um foco nas gerações futuras faça sentido, o potencial regulatório transformacional do Open Banking somente poderá ser atingido com ações específicas para a população adulta, empreendedores presentes e potenciais, cujas dificuldades com habilidades financeiras básicas representam barreiras para desenvolvimento no mundo dos negócios, lembrando que financiamento é um dos principais desafios.

As mudanças regulatórias atualmente em curso têm o condão de retirar barreiras históricas à competição no setor financeiro brasileiro, abrindo espaço para reverter quadros estruturais que impedem um maior desenvolvimento econômico, sobretudo a partir do fomento de MPEs. Diante do provável cenário de redução de preços e de diversificação na oferta de produtos financeiros que o Open Banking produz, as iniciativas de capacitação servirão para potencializar essa transformação, concretizando o conceito de cidadania financeira no Brasil.

Clique aqui para conferir o texto completo, acessando a íntegra do Boletim de novembro. 

 

Atividade Econômica

A seção sobre atividade econômica do BEC deste mês traz como destaque o avanço de 9,5% na economia brasileira no 3º trimestre, em comparação ao 2º trimestre, de acordo com o IBC-Br do Banco Central, que é interpretado como uma prévia do PIB. Já o IBCR-ES indica que o Espírito Santo teve crescimento de 6,1% no período. O dado oficial do PIB trimestral brasileiro será divulgado no dia 03 de dezembro pelo IBGE, e no dia 11 de dezembro o Ideies divulgará o IAE-Findes, que funciona como estimativa para o PIB capixaba.

Desempenho Industrial

Em destaque os últimos dados da produção física da indústria brasileira e capixaba, referentes a setembro. No mês, a indústria nacional teve crescimento de 2,6%, a quinta alta mensal consecutiva. Já no Espírito Santo houve evolução de 5,0% em relação a agosto. No país o setor alcançou resultado 0,2% acima do registrado em fevereiro, enquanto no estado a produção industrial ainda ficou -8,8% abaixo do patamar registrado no mês anterior ao início da pandemia.

Preços, Juros e Crédito

A inflação brasileira alcançou 3,92% no acumulado em 12 meses até outubro, se aproximando da meta de inflação estabelecida para 2020 (4,00%). Na RMGV o IPCA chegou a 3,96% na mesma base de comparação. Segundo o Boletim Focus, as expectativas do mercado são por uma inflação de 3,45% ao final do ano, com manutenção da taxa Selic em 2,00% a.a.

Finanças Públicas Estaduais

A última seção do BEC analisa os resultados do Governo do Estado na área. De janeiro a outubro as receitas tiveram queda real de -6,1% enquanto as despesas cresceram 0,5%, na comparação com o mesmo período do ano passado. A seção também traz dois boxes especiais falando sobre o lançamento do "Plano Espírito Santo" e sobre as finanças dos munícipios capixabas e os desafios para os próximos prefeitos.

Boletim Econômico Capixaba é uma publicação mensal do Ideies sobre a conjuntura econômica do Espírito Santo e do Brasil.

Para acessar o arquivo com a edição completa do Boletim, clique aqui.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Rodrigo Taveira

Economista (UFES) e Mestre em Administração Pública e Governo (FGV-SP). Atua como Analista de Estudos e Pesquisa Sênior na Gerência de Estudos Econômicos, com foco em estudos sobre conjuntura econômica, finanças públicas e crédito.