Superávit comercial do ES tem queda de 40,0% no primeiro semestre de 2019

Neste primeiro semestre de 2019, as exportações do Espírito Santo alcançaram US$ 3.687 milhões, apresentando declínio de 3,4% em relação ao mesmo período de 2018. Com a forte alta das importações (+15,8%), que saiu de  US$ 2.504 milhões para  US$ 2.900 milhões, o estado teve o menor saldo comercial acumulado para o primeiro semestre desde 2010, US$ 787 milhões. Assim, entre janeiro e junho de 2019 houve uma forte deterioração do superávit comercial (-40,0%), com redução de US$ 525 milhões em relação ao ano anterior.

A agropecuária (+42,7%) foi a única atividade econômica capixaba a apresentar crescimento das exportações neste primeiro semestre de 2019. A retração no valor do superávit comercial do ES no primeiro semestre foi puxada por uma queda das exportações das indústrias extrativas (-4,9%) e da de transformação (-5,5%). Esse impacto foi causado, principalmente, por uma redução dos preços dos produtos semimanufaturados. 

A produção nacional do minério de ferro e de seus derivados teve queda em 2019 e isso está impactando na quantidade exportada desses produtos e nos preços internacionais. O minério de ferro teve queda de 16,3% nas exportações no primeiro semestre de 2019, uma redução de valor de US$ 194,1 milhões e de quantidade em 3 milhões de toneladas. No mesmo período, a queda das exportações dos produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado foi de 19,0%. 

A contração dos fluxos de comércio internacionais está impactando nas exportações da indústria capixaba. A exemplo disso, pode-se citar o principal país de destino das exportações do Espírito Santo, os Estados Unidos, que apresentaram retração da demanda de US$ 18 milhões (-1,4%). A Argentina, quinto principal destino das exportações capixabas, que atualmente passa por uma crise econômica, apresentou forte queda de demanda, de 26,9% no primeiro semestre de 2019. Em termos de valor, a principal retração foi nas exportações de bens intermediários, com queda de US$ 50,9 milhões e dos bens de consumo em US$ 1,4 milhões em relação ao mesmo período de 2018.

ACORDO DO MERCOSUL COM A UNIÃO EUROPÉIA

O histórico acordo de livre comércio assinado pelo Mercosul com a União Europeia (UE) no último dia 28 de junho tem grande relevância para o Brasil e prevê a eliminação de tarifas em produtos agrícolas exportados pelo país, como café e frutas, assim como de produtos industriais.
A UE é o terceiro bloco comercial de destino das exportações do Espírito Santo, porém, essa relação é caracterizada por:

i) os bens industriais capixabas enfrentam dificuldades para competir naquele mercado; 

ii) o minério de ferro, os produtos semimanufaturados de ferro ou aço e o café, bens mais exportados pelo Espírito Santo para a UE, não tendem a apresentar um grande crescimento, uma vez que o incremento de demanda por essas commodities depende mais da utilidade final que da sensibilidade ao preço.

No contexto de um aumento da corrente de comércio entre o Brasil e os países da União Europeia, as perspectivas para o Espírito Santo ao aprofundar as relações com esse bloco são de aumento nas importações capixabas de bens industriais, de consumo e de capital, como automóveis de passageiros, outros veículos e medicamentos. Sem uma contrapartida do lado das exportações capixabas para a UE, esse quadro deve intensificar o déficit comercial do Espírito Santo em bens de maior valor agregado.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Vanessa Avanci

Economista, doutora em Economia pela UFF. Analista sênior do Observatório do Ambiente de Negócios, escreve sobre conjuntura econômica e atua realizando estudos e pesquisas sobre a indústria, comércio exterior, produtividade e inovação.