Tendências #oil&gas 1: Crescimento global e maior consumo de petróleo

A série histórica do PIB mundial e do consumo de petróleo possuem forte correlação entre si. A correlação entre as duas séries é de 0,97, o que nos permite concluir que quando há taxas positivas de crescimento econômico mundial, há maior demanda de petróleo no mundo e o contrário também se verifica. O gráfico abaixo nos ajuda a entender como as duas séries se comportam no tempo e como isso pode nos auxiliar nas discussões das tendências da indústria do petróleo.

Os investimentos na cadeia de exploração e de produção são dependentes da expectativa de demanda mundial pelos produtos derivados do petróleo no longo prazo. De acordo com as estimativas do relatório World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento da economia global em 2024 será de 3,6%. O início da próxima década será mais moderado e continuará com maior expansão das economias em desenvolvimento em detrimento das economias avançadas. 

POR FALAR EM FUTURO...

As economias avançadas devem crescer abaixo de 2% e as economias em desenvolvimento entre 4% e 5%, entre 2020 e 2024, de acordo com dados do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ainda de acordo com a instituição, para 2024, os Estado Unidos e a Europa deverão coincidir em um crescimento do PIB de 1,6%. Para a Zona do Euro, a expectativa de crescimento de 1,3%. O Japão deve crescer 0,5% para o mesmo ano.

Em paralelo, a expectativa é que a Índia aumente seu crescimento dos atuais 6,1% para 7,3%, em 2024. O país continuará crescendo, ancorado no mercado interno. Ainda na Ásia, espera-se que a China cresça 5,5%. Apesar da expectativa de desaceleração de crescimento para os próximos anos, o país ainda figura entre as expectativas de maior crescimento para 2024.

CHINA E ÍNDIA SÃO OS DESTAQUES:

No geral, apesar do menor crescimento de importantes mercados integrados em cadeias globais da produção mundial, a expectativa é que países como a Índia e a China sustentarão a ascensão da demanda global por matéria prima e energia. Nos atuais níveis de crescimento econômico, a Índia importa 10% da oferta global de petróleo. As principais origens são: Iraque (20,1%), Arábia Saudita (18,5%) e Irã (11,3%), de acordo com as estatísticas do portal Trade Map. Já a China, é responsável por 20,0% da demanda global do insumo. As principais origens são: Rússia (15,8%), Arábia Saudita (12,4%), Angola (10,4%) e Iraque (9,4%).

O Brasil possui participação nas importações de petróleo da Índia e da China com 1,3% e 6,8%, respectivamente.

TAMBÉM HÁ DESAFIOS...

A manutenção do crescimento global dependerá de uma maior articulação entre os países com a finalidade de evitar eventos adversos que possam enfraquecer o ritmo de investimento. No curto prazo, os principais desafios globais são as questões tarifárias entre as principais economias do mundo, a desarticulação de acordos comerciais e as questões ligadas a geopolítica. No longo prazo, o desafio é a manutenção do investimento em relação ao PIB. Esse indicador sinaliza o quanto o crescimento de uma economia é sustentável ao longo do tempo.

INVESTIMENTO CONSTANTE

A expectativa é que o investimento global em relação ao PIB continue constante no início da próxima década, apesar das incertezas de curto prazo. A média entre 2020 e 2024 é de uma participação do investimento de 22,2% do PIB global. Esse percentual é superior à média do início da década anterior, de 20,4% entre 2010 e 2014, mesmo com a expectativa de redução da participação dos investimentos em relação ao PIB da Ásia, principalmente, pela estimativa de redução dos atuais 44,2% da China para 40,0%.

E O IMPACTO PARA O ESPÍRITO SANTO?

Com 1,7 bilhão de barris de petróleo, o Espírito Santo possui a segunda maior reserva entre os estados brasileiros. A exploração e produção de petróleo depende da inclusão de áreas capixabas nas rodadas da ANP e da demanda por esse insumo no mundo.

O maior fruto que o Estado pode colher é a possibilidade de diversificar a economia regional via fornecimento de bens e serviços para as petroleiras que atuam no Brasil e no mundo. Desenvolver a cadeia fornecedora faz parte dos objetivos a serem percorridos pelo Estado e que foram mapeados pela Rota Estratégica de Petróleo e Gás, a ser lançada pelo Ideies.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Nathan Diirr

Graduado em economia pela UFES, mestrando em economia pela mesma universidade. Atua como analista de estudos e pesquisas sênior na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesses nas áreas de regulação, petróleo e gás natural, infraestrutura e ambiente de negócios.