TENDÊNCIAS #OILANDGAS 5: possibilidades de monetização do gás natural do pré-sal

FATO:

Hoje, a produção brasileira de petróleo está em 2,6 milhões de barris/dia. A expectativa para 2030, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é de um aumento médio anual de 6,4%, alcançando 5,5 milhões de barris/dia. Essa maior produção é justificada pelo incremento da produção na camada do pré-sal, que passará a responder por 76,4% da produção de petróleo brasileiro.

As atividades de exploração e produção de gás natural são coincidentes com as atividades da indústria do petróleo. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 79,2% da produção de gás é associada ao petróleo, e grande parte (80,2%) é de origem offshore. A expectativa é que essa produção aumente 6,6%, em média anual, alcançando 147 milhões de m³/dia, em 2030.

TRÊS ÁREAS SÃO DESTAQUES

As bacias de Campos e Santos (pré-sal), as bacias de Seripe-Alagos (pós-sal) e as bacias do Recôncavo e do Solimões (terrestres) são as áreas de maior destaque para a produção do gás natural.

MAS TEM DESAFIOS...

Cabe ressaltar que, como o gás natural é um subproduto da indústria do petróleo, a monetização desse insumo depende da viabilidade econômica para petroleira. Sem expectativa de demanda futura, a petroleira tomará a decisão de reinjetar o gás produzido. Atualmente, os produtores de petróleo reinjetam 31,4% do gás produzido.
Para aumentar a demanda, deve-se destacar duas frentes importantes: a aprovação do Marco Regulatório do Gás Natural no congresso nacional e a maior integração da indústria do gás natural com o setor elétrico.

Acompanhe abaixo o mapa que a EPE confeccionou para entender a infraestrutura de transporte de gás natural no Brasil:
 


SEM INFRAESTRUTURA, NÃO HÁ APROVEITAMENTO DO GÁS NATURAL

Para dar viabilidade ao escoamento do gás proveniente do pré-sal é necessário investimentos em infraestrutura, dada a distância dos campos produtores da costa brasileira. Considerando que o gás não será reinjetado, a EPE estimou três cenários possíveis:

Escoamento do gás para a costa brasileira:

Atualmente, há 2 rotas em operação no pré-sal: a Rota 1 escoa o gás para o Caraguatatuba-SP e a Rota 2 para Cabiúnas-RJ. Em construção está a Rota 3, com destino em Itaboraí/RJ, previsto para entrar em operação ainda este ano. A capacidade necessária para suprir a fronteira da produção do gás natural é de 30 a 45 MMm³/dia. Para tanto, estão previstos no Plano Indicativo de Processamento e Escoamento (PIPE) a construção da Rota 4, da Rota 5 e da Rota 6. A rota 6, possui duas alternativas, escoar gás natural até o Porto do Açú-RJ ou ainda até o Porto Central-ES. Na costa, o insumo poderá seguir para diferentes formas de consumo (industrial, refinarias, automotivo, residencial ou geração de energia elétrica).

Floating Liquefied Natural Gas:

O Floating Liquefied Natural Gas é o processo de liquefação do gás no mesmo navio que é processado. Assim, o insumo poderá seguir em navios do tipo GNL tanto para atender o mercado externo, quanto para costa brasileira. Esse processo reduz os custos de instalação de gasodutos. Para o pré-sal, esse modelo torna-se mais viável devido a distância da produção até o consumo.

Floating Gas to liquids

O Floating Gas to liquids consiste na transformação do gás natural em combustível líquido por meio de um processo conhecido como Fischer-Tropsch. O método permite utilizar o líquido em veículos com motores equipados a diesel. O transporte pode ser realizado até a costa brasileira ou ainda para atender o mercado externo.

E AS OPORTUNIDADES PARA O ESPÍRITO SANTO?

A viabilidade da monetização do gás significa um importante movimento do setor de #oilandgas que será capaz de trazer maior diversidade dos atores envolvidos, principalmente da cadeia fornecedora. Com a criação de novas infraestruturas para o escoamento do gás natural, há a possibilidade de aumentar o consumo doméstico de insumo, o que deverá trazer maior competitividade para a indústria nacional.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Nathan Diirr

Graduado em economia pela UFES, mestrando em economia pela mesma universidade. Atua como Gerente de Ambiente de Negócios no Observatório da Indústria. Possui interesses nas áreas de regulação, petróleo e gás natural, infraestrutura e ambiente de negócios.