A indústria de transformação no ES se diversificou pouco nos últimos 10 anos

Em 2007, a indústria extrativa capixaba respondia por 37,8% do Valor da Transformação Industrial (VTI) no estado, e a indústria de transformação por 62,2%. A partir de 2010, as atividades extrativas (54,6%) superaram as de transformação (45,4%).

Essa mudança é explicada, principalmente, pela descoberta de novas reservas de petróleo e gás natural, que gerou um aumento significativo da atividade extrativa no Espírito Santo. 

Entretanto, em 2016, a indústria de transformação voltou a representar quase 60% da indústria capixaba, devido à perda de participação da indústria extrativa, resultado da queda nos preços das commodities de minério de ferro e de petróleo, somados a paralisação da Samarco no final de 2015.

Durante o período de 2007 até 2014, ano que antecede a crise econômica brasileira, o VTI da indústria capixaba apresentou um crescimento médio de 4,8%, cerca de dois pontos percentuais superiores à média nacional de 2,7%. Este movimento no Espírito Santo foi resultado da indústria extrativa, que cresceu 10,3%, enquanto a taxa brasileira foi de 9,6%. Já a indústria de transformação do estado cresceu em média 0,05%, resultado abaixo da média do país, 1,9%. Porém, devido à crise econômica, a partir de 2015, a taxa de crescimento do VTI de 2007 a 2016 na indústria geral do Espírito Santo e seus subsetores, indústria extrativa e transformação, reduziram, respectivamente, para 0,3%, 1,6% e -0,5%.

Os setores da indústria de transformação capixaba que apresentaram as melhores taxas de crescimento, em termos relativos, durante o período de 2007 até 2016 foram: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores, com 18,1%; fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com 13,5%, e fabricação de produtos diversos, com 9,8%, todos acima da taxa nacional para a mesma atividade. Cabe ressaltar que, entre os setores com as piores taxas de crescimento, existem dois historicamente importantes na economia capixaba: fabricação de produtos têxteis, com uma queda média de -13,6%, e extração de minerais metálicos com redução média de -9,2%11, ambos com retrações mais intensas do que as registradas no país.

Em 2016, os principais ramos da indústria extrativa, no último ano da série, foram as atividades de extração de petróleo e gás natural (30,0% do VTI da indústria total capixaba e 70,0% da extrativa) e extração de minerais metálicos (respectivamente, 9,6% e 22,4%). Já os do setor manufatureiro, destacaram-se: metalurgia (13,1% do VTI da indústria total capixaba e 23,0% da transformação) e fabricação de celulose, papel e produtos de papel (9,8% e 17,2%, respectivamente).

Neste último ano, comparando com 2015, o Espírito Santo apresentou a maior queda no VTI (-21,6%) entre todos os estados do país, seguido por Alagoas (-20,8%) e Maranhão (-15,7%). A unidade da federação que apresentou o maior crescimento foi Roraima (31,1%). Portanto, a indústria capixaba foi mais impactada pela crise que o setor no restante do país, com quedas tanto na indústria de transformação (-10,1%) quanto na extrativa (-33,0%). Em relação à queda de mais de um terço na indústria extrativa, é importante lembrar que 2016 foi o primeiro ano completo sem a operação da Samarco Mineração.

Nessa mesma base de comparação (2016 contra 2015), no Espírito Santo, apenas 6 das 33 atividades industriais apresentaram crescimento, dentre elas podemos destacar: fabricação de bebidas (23,1%); impressão e reproduções de gravações (22,9%) e fabricação de produtos de madeira (22,4%). As principais quedas ocorreram na fabricação de máquinas e equipamentos (-61,4%), extração de minerais metálicos (-60,9%) e fabricação de móveis (-46,8%).


A indústria de transformação mantém basicamente a estrutura identificada nos anos 2000, sendo suas principais atividades: metalurgia, fabricação de celulose e produtos de papel, fabricação de produtos minerais não metálicos, fabricação de alimentos e fabricação de produtos de metal - exceto máquinas e equipamentos (IDEIES, 2018, p.11).

Este fato demostra a  necessidade de diversificação do setor.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Thais Mozer

Graduação em Ciências Econômicas e Mestrado em Economia pela UFES, na linha de pesquisa de Economia Industrial. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Econômico.