Balança comercial do ES fecha 2021 com superávit de US$ 3,2 bilhões.

O resultado, puxado pela alta dos preços, foi o melhor desde 2018, quando o superávit foi de US$ 3,5 bi

PUBLICADO EM 04 Fev 2022

A economia mundial segue em processo de recuperação do choque causado pela pandemia de Covid-19. A despeito da melhora das condições sanitárias em 2021 – com avanço da vacinação –, elementos como a desorganização das cadeias produtivas, aumento dos custos industriais e, principalmente, a alta inflacionária vivenciada no ano passado, continuam a ditar o processo de recuperação da atividade econômica nos países avançados e no Brasil em 2022

Em 2021, a melhora do cenário internacional favoreceu o fluxo de comércio exterior do Espírito Santo. No ano, as exportações capixabas totalizaram US$ 9,7 bilhões, valor que correspondeu a uma variação de 97,1% em relação ao exportado em 2020. No mesmo período, as importações cresceram 28,8% e acumularam US$ 6,5 bilhões. Com esses resultados, o saldo da balança comercial do estado fechou o ano com um superávit de US$ 3,2 bilhões, o maior desde 2018 (US$ 3,5 bilhões). O crescimento do valor exportado pelo Espírito Santo foi liderado pela evolução dos preços, enquanto as importações foram puxadas pela variação do volume. 

O estado fechou o ano de 2021 com aumento de 62,6% na corrente de comércio, que chegou a US$ 16,2 bilhões no acumulado do ano. Esse é o melhor resultado atingido pelo Espírito Santo desde 2014, quando as exportações e importações somaram US$ 18,6 bilhões.

O ano de 2021 foi positivo para todas as atividades analisadas do Espírito Santo, que se beneficiaram do período de recuperação econômica dos seus parceiros comerciais, elevação dos preços das commodities e taxa de câmbio competitiva. Especialmente beneficiada por esses fatores, as exportações das indústrias extrativas capixabas cresceram 142,6% em 2021, na comparação com o ano anterior. O principal produto exportado foi o minério de ferro, cujo valor aumentou 187,1% e a participação na pauta de exportação do Espírito Santo se elevou de 23,3% em 2020 para 34,0% em 2021[1].

Do total das exportações capixabas, 31,6% foram destinadas aos Estados Unidos em 2021. Embora o valor seja inferior ao de 2020 (33,1%), o país norte-americano continua sendo o principal parceiro comercial do estado. Em 2021, o estado exportou um total de US$ 3,0 bilhões para os EUA, crescimento de 88,0% em relação a 2020 (US$ 1,6 bilhão). Outros países parceiros ganharam participação no total exportado pelo estado, quais sejam a Argentina (de 2,9% para 6,2%) e o Canadá (de 3,7% para 5,1%). 

Chama atenção a perda de participação da China na pauta exportadora do estado, embora o país asiático continue ocupando a segunda posição entre os maiores destinos das mercadorias do Espírito Santo. Em 2020, os produtos comprados pela China representavam 13,2% do total exportado pelo Espírito Santo, no entanto, no final de 2021, a sua participação caiu para 7,1%. 

Diante de fatores como crescimento moderado, inflação persistente, risco de novas variantes e as recentes questões geopolíticas envolvendo Rússia e Ucrânia, o FMI (Fundo Monetário Internacional) cortou as projeções de crescimento global em 2022. A instituição espera, em janeiro, que a economia mundial avance 4,4% este ano, frente a um crescimento de 4,9% projetado em outubro de 2021. 

No Brasil, o aperto monetário em curso, o aumento das incertezas causadas pelos riscos fiscais e a aproximação das eleições têm gerado expectativas de um baixo crescimento econômico neste ano. Se o cenário de baixo dinamismo econômico se materializar, haverá impactos restritivos sobre as importações brasileiras. 


[1] A demanda externa por minério registrou uma trajetória de forte crescimento iniciada no último trimestre de 2020 e perdurou até julho de 2021, quando a cotação dessa commodity atingiu em julho a máxima da média mensal (US$ 215 a tonelada) observada nos últimos dez anos. Nos meses posteriores, a demanda voltou a cair, motivada pela: (i) desaceleração da economia chinesa; (ii) decisão do governo chinês de reduzir a taxa de operação das suas siderurgias para cumprir com as metas de reduzir a emissão de carbono; e, (iii) a crise no setor da construção e imobiliário chinês, grande comprador de ferro, causada pela empresa Evergrande. Veja mais em: https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/11/01/minerio-de-ferro-perde-brilho-para-outros-metais.ghtml

 

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Rafael Almeida Leal

Graduado e Mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Econômicos. Possui interesse na área de Finanças Públicas e análise de dados conjunturais.