BIC de janeiro analisa as primeiras medidas do novo governo federal do Brasil

PUBLICADO EM 27 Jan 2023

Iniciamos 2023 com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumindo o seu terceiro mandato como presidente do Brasil. E na posse, houve a assinatura dos primeiros atos do novo governo.

Entre as novas medidas está o estabelecimento da nova estrutura da gestão federal, composta por 37 ministérios, e retorno do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (Mdic), pasta defendida pelo setor industrial.  Com o retorno do Mdic, a indústria, por meio da CNI, apresentou ao vice-presidente da República e também Ministro da pasta, Geraldo Alckmin, um Plano de Retomada da Indústria com 14 propostas para subsidiar as ações dos 100 primeiros dias do novo ministério, voltado à reindustrialização, e uma lista com 19 projetos prioritários em tramitação no Congresso Nacional.

No campo econômico, as primeiras medidas versaram sobre o Bolsa Família (MP nº 1.155 que viabiliza a manutenção do programa no valor de R$ 600,0), os preços dos combustíveis e a revisão dos processos em andamento de privatização de empresa estatais, como os Correios e a Petrobras.

No âmbito fiscal, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de ajuste fiscal de R$ 242,6 bilhões, ou 2,26% do Produto Interno Bruto (PIB), para fazer frente ao déficit de R$ 231,5 bilhões previsto no Orçamento de 2023. A leitura sobre esse pacote de ajuste fiscal é de que o seu anúncio veio para diminuir os receios dos mercados em relação à condução da política fiscal. Essa sinalização do governo pode ser vista como um relevante ponto de partida, na medida em que detalha como financiará a expansão dos gastos públicos provocada pela PEC de Transição.

Contudo, ainda é questionado se as medidas anunciadas por Haddad serão capazes de alcançar o montante necessário para acabar com o déficit de 2023 e até gerar um superávit previsto de R$ 11,1 bilhões, devido às incertezas e dificuldades de implementação de algumas delas. Além disso, é necessário discutir e encontrar uma política que funcione como uma âncora fiscal e que viabilize uma condução responsável dos gastos públicos, mas que também assegure os compromissos sociais do país. 

Para além dessas primeiras medidas anunciadas, ainda é necessário reduzir as incertezas e reconquistar a credibilidade da política fiscal. Temos que avançar nas reformas estruturais que o país tanto necessita, como a tributária e a administrativa, e que serão fundamentais para que o Brasil melhore o seu ambiente de negócios, seu desenvolvimento social e volte a registrar taxas de crescimento mais consistentes.

   

Veja também os destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de Janeiro:

  • A Pesquisa Industrial Mensal, ao registrar queda de -7,2% até novembro, reforça a sinalização de que a produção do setor no Espírito Santo deverá encerrar o ano de 2022 com redução.

  • O saldo comercial do setor industrial capixaba intensificou os déficits registrados nos meses anteriores, chegando a US$ 1,06 bilhão entre janeiro e novembro de 2022. 

  • A inflação para o produtor nacional acumulou alta de 4,47% até o penúltimo mês do ano, bem distante do resultado registrado no mesmo período do ano passado (28,55%).

  • Apesar do quadro de menor produção e vendas externas, os setores da indústria geral capixaba aumentaram a contratação de funcionários até novembro de 2022.

  • Em janeiro deste ano, ICEI-ES atingiu 50,7 pontos, apontando para uma melhora no nível de confiança entre os empresários industriais do Espírito Santo.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Thais Mozer

Graduação em Ciências Econômicas e Mestrado em Economia pela UFES, na linha de pesquisa de Economia Industrial. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Econômico.