Espírito Santo cria 315 empregos com carteira assinada em agosto de 2023, impulsionado pelo comércio e serviços

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou, na segunda-feira (02/10/2023), as informações do Novo Caged referentes à movimentação do mercado de trabalho formal no mês de agosto de 2023.

PUBLICADO EM 02 Out 2023

Os dados do Novo Caged referentes a agosto mostraram que o mercado de trabalho formal capixaba registrou a abertura de 315 novas vagas. O resultado decorre da diferença entre os 43.789 admitidos e os 43.474 desligados. A criação de novos postos formais foi a menor no ano e sofreu influência do desempenho negativo da Agropecuária (-1.055) e da Indústria (-448). Os demais setores apresentaram resultados positivos no mês, com destaque para o Comércio, que contribuiu com a criação de 749 novos postos formais no estado, seguido por Serviços (+737) e Construção (+335).

As novas vagas no mês de agosto representam uma ampliação de 0,04% no estoque de postos formais em relação a julho. Em relação a dezembro de 2022, o Espírito Santo ampliou seu estoque em 3,90%, sendo esta a maior variação entre os estados da região Sudeste, e a 11ª maior entre os estados brasileiros.

Apesar do saldo positivo em agosto, o desempenho do mercado de trabalho formal capixaba posicionou o Espírito Santo na última colocação entre os estados brasileiros na geração de novas vagas no mês. Acre (+448) e Roraima (+689) completaram a lista dos três últimos colocados. Na outra extremidade, São Paulo (+65.462), Rio de Janeiro (+18.992) e Pernambuco (+15.566) lideraram o ranking dos estados com os maiores saldos líquidos.

No acumulado do ano até agosto, o Espírito Santo registrou um saldo líquido de 31.866 novas vagas de empregos formais, fruto da diferença entre 350.610 admitidos e 318.744 desligados.

O mercado de trabalho brasileiro registrou abertura de 220.844 postos formais em agosto. No acumulado de 2023, houve abertura de 1.388.062 postos no país. Com as novas vagas, o estoque de empregos formais no Brasil atingiu 43,8 milhões, 3,27% a mais que o registrado ao final de 2022.

 

Resultados setoriais

As vagas criadas no Espírito Santo em agosto originaram-se do saldo positivo em três dos cinco grandes setores: Comércio (+749), Serviços (+737) e Construção (+335). Contudo, pelo terceiro mês consecutivo, o setor da Agropecuária impactou fortemente o resultado capixaba, ao registrar saldo negativo de 1.055 empregos formais. Ademais, a indústria também registrou fechamento de postos de trabalho formal no mês (-448), contribuindo com o desempenho mais ameno do mercado de trabalho formal capixaba.

A queda observada no setor da Agropecuária em agosto decorre, sobretudo, do cultivo de café (-510), principal atividade agrícola do Espírito Santo. O resultado negativo é ainda um desdobramento do fim do período de colheita do grão em maio, quando a atividade impulsionou a criação de 5.227 novos postos formais. Além do café, o cultivo de mamão também se destacou negativamente, tendo contribuído com saldo negativo de 166 postos formais no mês.

O Comércio (+749) liderou a criação de novas vagas com carteira assinada em agosto no Espírito Santo. O setor foi impulsionado pela atividade atacadista, que registrou abertura de 444 vagas, pelo comércio de reparação de veículos automotores e motocicletas (+198) e pelo comércio varejista, com abertura de 107 postos formais.

Para o saldo do setor de Serviços (+737), segundo maior na criação de postos formais em agosto, destacaram-se as atividades de transporte, armazenagem e correio (+683) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+354).

Para o setor da Construção, os destaques foram a construção de edifícios, com a criação de 158 novas vagas e as obras de infraestrutura, com 105 novos postos formais. 

Por sua vez, o saldo do setor industrial (-448) sofreu o impacto negativo da indústria de transformação, que registrou saldo negativo de 582 postos formais no estado. O resultado foi influenciado, sobretudo, pelas atividades de:

  • Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-454);
  • Metalurgia (-154);
  • Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais (-133).

Apesar do saldo negativo em agosto, a Indústria capixaba foi responsável pela geração de 4.668 postos de trabalho formal no acumulado de 2023, ficando atrás apenas do setor de Serviços (+14.753) e da Construção (+7.387). O Comércio (+3.913) e a Agropecuária (+1.148) completam a criação de novas vagas no Espírito Santo entre janeiro e agosto de 2023.

 

Municípios do ES

A análise municipal revelou um saldo positivo de postos formais em 49 dos 78 municípios capixabas em agosto de 2023. No mês, os municípios com maior geração de empregos foram: Vitória (+798), Serra (+423) e Vila Velha (+277). Por outro lado, Aracruz (-795), Linhares (-451) e Ibiraçu (-159) registraram as maiores retrações no quantitativo mensal de empregos formais.

Pela ótica dos municípios com os maiores resultados positivos, Vitória foi impulsionada pela Construção (+357), enquanto Serra e Vila Velha foram impulsionados pelo setor de Serviços (+362 e +268, respectivamente). Já os municípios com as maiores retrações, Aracruz e Ibiraçu sofreram influência negativa da Indústria (-400 e -178, respectivamente). Enquanto em Linhares destacou-se negativamente o setor de Serviços (-394). 

Acompanhe mês a mês no painel abaixo, de forma dinâmica e interativa, a quantidade de empregados admitidos e desligados, além do saldo de postos de emprego com carteira assinada para o Espírito Santo e seus municípios.

 

 

Diferenças metodológicas entre o Caged e o Novo Caged

De 1992 a 2019 as informações sobre o mercado de trabalho formal foram registradas e divulgadas como fonte pelo Caged. A partir de janeiro de 2020, estas passaram a ter como fonte o Novo Caged.

O Novo Caged conta com as informações do eSocial. O eSocial foi instituído em pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, com objetivo de concentrar em um único sistema diversas informações de empresas e trabalhadores, unificando registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. Além do eSocial, o Novo Caged incorpora imputação de dados que vem do antigo Caged e do Web empregador, para complementar informação de desligamento. É, portanto, mais abrangente do que o Caged que só concentrava informações de admissões e desligamentos sob o regime CLT.

A captação de registros de admissões e desligamentos pelo Novo Caged passou a ter maior cobertura, dado que, além dos empregados sob o regime CLT, passou a cobrir os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos, dirigentes sindicais, contribuintes individuais e bolsistas. Estes não eram registrados no Caged ou a declaração era opcional, como a de vínculos temporários, o que para o Novo Caged passou a ser obrigatória. Com estas modificações, o volume das movimentações captadas pelo Novo Caged tende a ser maior. Estas diferenças de captação prejudicam a comparação da série ao longo do tempo, a qual deve ser realizada com as devidas ressalvas metodológicas.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Francisco Brunoro Jr.

Economista e Mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesse nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), Desenvolvimento Regional e Economia Comportamental.